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SAÚDE
Boletim do ministério indica aumento de contaminação entre as mulheres
Cai o número de mortes por Aids
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
O número de mortes por Aids
caiu em todo o país nos últimos
cinco anos, numa média de 12,5%
ao ano, devido à distribuição gratuita do coquetel de medicamentos, iniciada em 1996.
Houve ainda uma queda no número de casos de Aids registrados
no país a partir de 1999, o que
aponta um início de recuo da epidemia da doença no país.
Enquanto a taxa de incidência
permaneceu em torno de 14 casos
por 100 mil habitantes entre 1996
e 1998, esse número caiu para 11,2
casos por 100 mil habitantes em
1999. No ano passado, apesar de
haver apenas dados preliminares,
a tendência foi a mesma.
Cresceu, no entanto, o número
de mulheres infectadas em comparação ao total de homens.
Em 1985, a Aids atingia uma
mulher para cada grupo de 25 homens. A diferença no número de
contaminados vem diminuindo e
chegou à média de duas mulheres
para cada homem.
Esses são os principais resultados do último boletim epidemiológico divulgado ontem pelo Ministério da Saúde, que apresenta,
pela primeira vez, um estudo da
evolução da mortalidade por Aids
no país, com base em dados consolidados dos anos 95 a 99 e informações preliminares do ano 2000.
No último trimestre de 2000, foram notificados 4.075 casos da
doença, totalizando 203.353 casos
desde 1980. Desse total, 151.298
(74,4%) são homens e 52.055
(25,6%) são mulheres.
Diferenças
A maior queda na taxa de mortalidade é registrada na região Sudeste, com uma redução de cerca
de 16% ao ano. Como em termos
absolutos essa é a região com
maior número de casos da doença
(142.292 casos), uma queda nas
suas taxas de mortalidade e de incidência puxa para baixo as médias nacionais.
Entre os homens, o número de
mortes também vem caindo
-numa proporção quase duas
vezes maior que entre as mulheres. Enquanto houve uma redução de 14,2% ao ano no número
de mortes masculinas, no caso feminino essa redução foi de 7,45%.
Segundo o ministro José Serra,
essa mortalidade mais alta entre
as mulheres ocorre porque "há
uma percepção de baixo risco da
doença, tanto por parte de profissionais de saúde quanto das próprias mulheres".
Para Serra, isso retarda a identificação dos sintomas e faz com
que as mulheres só busquem ajuda médica quando a Aids já está
em estágio avançado.
Epidemias regionais
O boletim aponta, no entanto,
que essa redução significativa na
mortalidade entre 95 e 2000 não
foi homogênea em todas as regiões e não está relacionada com o
declínio da incidência.
Apesar de a média nacional de
ocorrências ter diminuído, a epidemia está em crescimento nas
regiões Sul e Nordeste.
Na região Sul, a Aids cresceu
10,27% entre homens e 21% entre
mulheres. Na Nordeste, o crescimento foi de 2,95% entre homens
e 25% entre mulheres. As duas regiões registram, respectivamente,
29.233 e 18.161 casos da doença.
Segundo o ministério, o problema no Sul é tão alarmante que deve ser criada uma força-tarefa
com governos estaduais e municipais para incentivar projetos de
assistência e prevenção.
Os três municípios com maior
taxa de incidência em Aids, em
termos relativos, estão na região
Sul. Em primeiro lugar vem Itajaí
(SC), com 143,4 casos por 100 mil
habitantes. Em seguida aparece
Balneário Camboriú (SC), com
134,1 casos por 100 mil. Em terceiro está Porto Alegre (RS), com taxa de 79,9 casos por 100 mil.
Outra tendência apontada pelo
boletim é a de "heterogeneização"
da doença. No ano 2000, a principal forma de transmissão do vírus
foi heterossexual (43,5%), seguida
da transmissão homossexual e
bissexual (21,8%) e pelo uso de
drogas injetáveis (12,1%).
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