São Paulo, quinta-feira, 26 de abril de 2001

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SAÚDE

Boletim do ministério indica aumento de contaminação entre as mulheres

Cai o número de mortes por Aids

DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

O número de mortes por Aids caiu em todo o país nos últimos cinco anos, numa média de 12,5% ao ano, devido à distribuição gratuita do coquetel de medicamentos, iniciada em 1996.
Houve ainda uma queda no número de casos de Aids registrados no país a partir de 1999, o que aponta um início de recuo da epidemia da doença no país.
Enquanto a taxa de incidência permaneceu em torno de 14 casos por 100 mil habitantes entre 1996 e 1998, esse número caiu para 11,2 casos por 100 mil habitantes em 1999. No ano passado, apesar de haver apenas dados preliminares, a tendência foi a mesma.
Cresceu, no entanto, o número de mulheres infectadas em comparação ao total de homens.
Em 1985, a Aids atingia uma mulher para cada grupo de 25 homens. A diferença no número de contaminados vem diminuindo e chegou à média de duas mulheres para cada homem.
Esses são os principais resultados do último boletim epidemiológico divulgado ontem pelo Ministério da Saúde, que apresenta, pela primeira vez, um estudo da evolução da mortalidade por Aids no país, com base em dados consolidados dos anos 95 a 99 e informações preliminares do ano 2000.
No último trimestre de 2000, foram notificados 4.075 casos da doença, totalizando 203.353 casos desde 1980. Desse total, 151.298 (74,4%) são homens e 52.055 (25,6%) são mulheres.

Diferenças
A maior queda na taxa de mortalidade é registrada na região Sudeste, com uma redução de cerca de 16% ao ano. Como em termos absolutos essa é a região com maior número de casos da doença (142.292 casos), uma queda nas suas taxas de mortalidade e de incidência puxa para baixo as médias nacionais.
Entre os homens, o número de mortes também vem caindo -numa proporção quase duas vezes maior que entre as mulheres. Enquanto houve uma redução de 14,2% ao ano no número de mortes masculinas, no caso feminino essa redução foi de 7,45%.
Segundo o ministro José Serra, essa mortalidade mais alta entre as mulheres ocorre porque "há uma percepção de baixo risco da doença, tanto por parte de profissionais de saúde quanto das próprias mulheres".
Para Serra, isso retarda a identificação dos sintomas e faz com que as mulheres só busquem ajuda médica quando a Aids já está em estágio avançado.

Epidemias regionais
O boletim aponta, no entanto, que essa redução significativa na mortalidade entre 95 e 2000 não foi homogênea em todas as regiões e não está relacionada com o declínio da incidência.
Apesar de a média nacional de ocorrências ter diminuído, a epidemia está em crescimento nas regiões Sul e Nordeste.
Na região Sul, a Aids cresceu 10,27% entre homens e 21% entre mulheres. Na Nordeste, o crescimento foi de 2,95% entre homens e 25% entre mulheres. As duas regiões registram, respectivamente, 29.233 e 18.161 casos da doença.
Segundo o ministério, o problema no Sul é tão alarmante que deve ser criada uma força-tarefa com governos estaduais e municipais para incentivar projetos de assistência e prevenção.
Os três municípios com maior taxa de incidência em Aids, em termos relativos, estão na região Sul. Em primeiro lugar vem Itajaí (SC), com 143,4 casos por 100 mil habitantes. Em seguida aparece Balneário Camboriú (SC), com 134,1 casos por 100 mil. Em terceiro está Porto Alegre (RS), com taxa de 79,9 casos por 100 mil.
Outra tendência apontada pelo boletim é a de "heterogeneização" da doença. No ano 2000, a principal forma de transmissão do vírus foi heterossexual (43,5%), seguida da transmissão homossexual e bissexual (21,8%) e pelo uso de drogas injetáveis (12,1%).


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