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EDUCAÇÃO
Segundo Tarso, caberá às federais corrigir defasagens acadêmicas
Faculdades devem ajudar aluno cotista, diz ministro
FÁBIO TAKAHASHI
DA REPORTAGEM LOCAL
O papel de diminuir as eventuais defasagens acadêmicas de
alunos cotistas será das universidades, caso a reserva de vagas seja
aprovada na reforma universitária. Essa é a posição do ministro
da Educação, Tarso Genro.
"A universidade tem de saber
aproveitar os alunos da escola pública. Tem de criar mecanismos
para educação compensatória, se
for o caso, para que isso [a diferença] seja superado", afirmou
ontem o ministro à Folha, após
fazer a conferência inaugural do
seminário internacional sobre reforma e avaliação da educação superior, promovido pelo Ministério da Educação. As palestras vão
até amanhã, em São Paulo.
A primeira versão do projeto de
reforma estipula que metade das
vagas do ensino superior federal
seja destinada a estudantes oriundos do ensino médio público.
Segundo o Censo da Educação
Superior, as universidades federais ofereceram 122 mil das 2 milhões de vagas nos processos seletivos de 2003 (último ano com os
números fechados).
O MEC pretende finalizar em
junho o projeto de reforma universitária, que depois segue para o
Congresso. Antes, outro documento será feito, com base nas sugestões à primeira versão. Um dos
pontos atacados foi a cota de 50%.
Para o coordenador de ações
afirmativas da Unifesp (Universidade Federal de São Paulo), Marcos Ferraz, a porcentagem foi estipulada com base em "achismo".
A Unifesp, segundo ele, estudou
por três anos os dados do seu vestibular para estipular em 10% o
número de vagas para estudantes
do ensino médio público afrodescententes e índios. A diferença entre a nota do último matriculado
não-cotista e o último cotista foi
de 10% em medicina, o curso
mais concorrido.
Segundo Ferraz, o desempenho
dos dois perfis de aluno são parecidos, o que indica que foram beneficiados alunos da rede pública
com bom preparo acadêmico.
A presidente da Andifes (Associação Nacional dos Dirigentes
das Instituições Federais de Ensino Superior), Ana Lúcia Gazzola,
afirma a cota fixa não é o melhor
caminho de ação afirmativa. "O
ideal seria que o Congresso estabelecesse uma meta de inclusão, e
as universidades buscassem
meios para atingir isso." Para ela,
há outras opções para incluir
mais alunos da rede pública, como a expansão de vagas noturnas.
Gazzola avalia que, em cursos
concorridos, como medicina, pode haver diferença entre cotistas e
não-cotistas, mas afirma que "é
papel da universidade trabalhar
esse aluno" e que os alunos da rede pública tendem a igualar o desempenho com o passar do curso.
Tarso afirma que os 50% são
"um bom indicativo", mas que o
número pode mudar se houver
consenso. Segundo o ministro, as
cotas serão desnecessárias com
um ensino médio público de bom
nível, o que ele espera acontecerá
com o Fundeb (Fundo de Manutenção e Desenvolvimento da
Educação Básica e de Valorização
dos Profissionais da Educação)
-a proposta deve chegar ao Congresso no mês que vem e pode entrar em vigor em 2006.
Troca da dívida
Tarso disse ontem que até novembro deverá estar finalizado o
projeto que propõe que parte do
pagamento da dívida externa seja
destinada à educação. Hoje, ele
vai convidar o ministro da Educação do Uruguai, Jorge Brovetto, a
participar da negociação. Já estão
estudando o assunto, além do
Brasil, Argentina e Espanha.
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