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Moradores do Pacaembu pedem mais ônibus
DA REPORTAGEM LOCAL
Num bairro nobre e tradicional, um dos líderes do ranking
das famílias com mais automóveis na capital paulista, a reivindicação de um grupo de moradores é por transporte coletivo. E não estão falando de metrô, habitualmente desejado
por pobres e também ricos,
mas sim de ônibus.
O pedido foi formalizado pela
população do Pacaembu -por
meio de uma associação de moradores do bairro- há três
anos, mas não foi bem-sucedido na SPTrans (órgão da prefeitura que cuida do setor).
A explicação de Iênides Benfati, 65, é que muita gente por lá
gostaria de deixar seus carros
na garagem, mas faltam opções.
"Hoje não há alternativa. A
gente se locomove da forma
que consegue", diz ela, que tem
três automóveis em casa -um
para cada membro da família.
No Pacaembu, a pesquisa
mostrou que 21% das famílias
têm três ou mais carros, contra
a média de 2% na cidade.
"Desconheço a pesquisa, mas
conheço as necessidades do
bairro por um transporte coletivo que alimentasse as grandes
linhas e as estações de metrô",
reforça a moradora Iênides.
A reivindicação encaminhada à prefeitura era por um ônibus pequeno ou van que adentrasse vias do bairro que não
são atendidas por transporte
coletivo -e onde há dificuldade
para fazer grandes deslocamentos a pé até pela topografia
da região, com muitas subidas.
A ideia é que ele pudesse
transportar habitantes a algumas estações do metrô, como
Barra Funda e Clínicas.
Geografia irregular
A justificativa da SPTrans para negar a solicitação está ligada justamente à "geografia irregular" das ruas locais, que, diz a
empresa, são estreitas, têm
muitas valetas e são de difícil
circulação de ônibus.
O órgão diz, porém, que há
oito linhas em avenidas maiores, lindeiras ao bairro, e que levam a estações de metrô.
O especialista Cláudio Senna
Frederico considera que a expansão do transporte coletivo
em bairros mais ricos não é suficiente, por si só, para levar os
moradores a trocar seus automóveis pelo ônibus ou pelo metrô. De um lado, defende a necessidade de restrições ao uso
do carro. Mas diz que somente
isso pode não bastar.
Frederico aponta a necessidade de reverter a imagem negativa do transporte público
-para que seja não só confortável e rápido, mas motivo até de
status. Para isso, ele diz pensar
até na retomada de serviços semelhantes ao antigo bonde.
(AI e RS)
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