São Paulo, domingo, 26 de abril de 2009

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Moradores do Pacaembu pedem mais ônibus

DA REPORTAGEM LOCAL

Num bairro nobre e tradicional, um dos líderes do ranking das famílias com mais automóveis na capital paulista, a reivindicação de um grupo de moradores é por transporte coletivo. E não estão falando de metrô, habitualmente desejado por pobres e também ricos, mas sim de ônibus.
O pedido foi formalizado pela população do Pacaembu -por meio de uma associação de moradores do bairro- há três anos, mas não foi bem-sucedido na SPTrans (órgão da prefeitura que cuida do setor).
A explicação de Iênides Benfati, 65, é que muita gente por lá gostaria de deixar seus carros na garagem, mas faltam opções.
"Hoje não há alternativa. A gente se locomove da forma que consegue", diz ela, que tem três automóveis em casa -um para cada membro da família.
No Pacaembu, a pesquisa mostrou que 21% das famílias têm três ou mais carros, contra a média de 2% na cidade.
"Desconheço a pesquisa, mas conheço as necessidades do bairro por um transporte coletivo que alimentasse as grandes linhas e as estações de metrô", reforça a moradora Iênides.
A reivindicação encaminhada à prefeitura era por um ônibus pequeno ou van que adentrasse vias do bairro que não são atendidas por transporte coletivo -e onde há dificuldade para fazer grandes deslocamentos a pé até pela topografia da região, com muitas subidas.
A ideia é que ele pudesse transportar habitantes a algumas estações do metrô, como Barra Funda e Clínicas.

Geografia irregular
A justificativa da SPTrans para negar a solicitação está ligada justamente à "geografia irregular" das ruas locais, que, diz a empresa, são estreitas, têm muitas valetas e são de difícil circulação de ônibus.
O órgão diz, porém, que há oito linhas em avenidas maiores, lindeiras ao bairro, e que levam a estações de metrô.
O especialista Cláudio Senna Frederico considera que a expansão do transporte coletivo em bairros mais ricos não é suficiente, por si só, para levar os moradores a trocar seus automóveis pelo ônibus ou pelo metrô. De um lado, defende a necessidade de restrições ao uso do carro. Mas diz que somente isso pode não bastar.
Frederico aponta a necessidade de reverter a imagem negativa do transporte público -para que seja não só confortável e rápido, mas motivo até de status. Para isso, ele diz pensar até na retomada de serviços semelhantes ao antigo bonde.
(AI e RS)


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