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Líderes em carro cresceram acima da média
Distritos com mais veículos por família tiveram tendência inversa à da cidade, que teve queda no número de automóvel por pessoas
Pesquisa mostra que maior potencial de crescimento da densidade de automóveis está nos extremos de SP, como bairros da zona leste
DA REPORTAGEM LOCAL
Dez anos não foram suficientes para tirar de Moema a liderança em densidade de veículos. Em 1997, o bairro tinha 2,18
pessoas para cada carro. Em
2007, esse número caiu para
2,09, o que mostra o crescimento proporcional de carros.
A cidade tinha 5,08 pessoas para cada carro em 1997 e 5,15 dez
anos depois.
Nos distritos que ocupam as
quatro posições seguintes na
lista, a variação também foi acima da média -Alto de Pinheiros, Morumbi e Itaim Bibi. Eles
saltaram do oitavo, quinto e sétimo lugares na lista, respectivamente, para a segunda, terceira e quarta posições.
Em dez anos, porém, a quantidade absoluta de moradores
diminuiu nesses distritos -o
que fez cair, consequentemente, os totais absolutos de carros.
A pesquisa mostra que o
maior potencial de crescimento da densidade de automóveis
está nos extremos da cidade.
Em distritos como Cidade Tiradentes, Jaraguá e Vila Curuçá,
onde a população cresceu entre
45% e 60%, os totais de automóveis mais que dobraram.
Entretanto, as regiões com
maior número de famílias sem
carro ainda estão na periferia,
embora regiões centrais como
Sé, Liberdade e Bom Retiro
-onde a malha de transporte
público é mais densa- também
concentrem boa parte de casas
onde ninguém tem carro.
Mais gente rica
Para o engenheiro e vice-presidente da ANTP (Associação
Nacional dos Transportes Públicos) Cláudio Senna Frederico, um dos fatores que contribuem para o aumento de carros
em áreas já densas é o aumento
da quantidade de empreendimentos de alto padrão, que
atrai para essas regiões justamente quem mais tem carro.
Moema, por exemplo, foi o
quarto distrito que mais recebeu empreendimentos residenciais em dez anos, segundo
dados da prefeitura -145 ao todo, 3,2% do total da cidade. Perdizes e Itaim Bibi atingiram o
mesmo percentual. A Lapa,
com 5,9%, foi o que atraiu mais.
Uso excessivo
"E não vejo problema nenhum na posse do carro. É inevitável. Pode ter quantos quiser
na garagem. Não vai ser prejudicial à cidade. O problema é
quando ocorre um uso irracional, quando todo mundo quer
usá-lo todos os dias, para qualquer coisa", diz Frederico. Ele
compara a posse do carro à do
barco ou à do home theater. "Só
vai ser problemático se todo
mundo quiser sair na rua com
seu home theater."
Para o engenheiro e professor da USP Cláudio Barbieri, a
expansão do transporte no centro (metrô e corredores de ônibus) ainda não foi suficiente
para atrair os mais ricos.
Para Barbieri, argumentos
para convencer a população a
deixar o carro em casa -como
não contribuir para agravar a
poluição ou o próprio trânsito
da cidade, por exemplo-, só
vão fazer diferença quando o
transporte público compensar
a "atração irresistível" pelo carro, com economia de tempo e
relativo conforto.
Metrô
Embora reconheça que a
qualidade e o tamanho da atual
malha de metrô no centro ainda não são capazes de atrair a
população que usa o carro, o diretor de expansão do Metrô,
Marcos Kassab, diz que "primeiro é preciso abrir um pouco
a malha [levar o metrô a regiões
extremas] para, aos poucos,
distribuir as pessoas [moradias
e serviços] pela rede".
Inaugurado nos anos 70, o
metrô hoje tem 61,3 km. "O ritmo de crescimento até hoje foi
de 1 km por ano. A meta é aumentar isso para 5 km por ano
[até 2010, quando acaba a gestão estadual] e manter nos próximos anos. Aí, daqui uns 20
anos, quem tiver que tomar a
decisão [de implantar o pedágio urbano] poderá analisar."
(RS e AI)
Folha Online
Veja o ranking completo
de carros por família
www.folha.com.br/091133
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