São Paulo, domingo, 26 de abril de 2009

Texto Anterior | Próximo Texto | Índice

Líderes em carro cresceram acima da média

Distritos com mais veículos por família tiveram tendência inversa à da cidade, que teve queda no número de automóvel por pessoas

Pesquisa mostra que maior potencial de crescimento da densidade de automóveis está nos extremos de SP, como bairros da zona leste


DA REPORTAGEM LOCAL

Dez anos não foram suficientes para tirar de Moema a liderança em densidade de veículos. Em 1997, o bairro tinha 2,18 pessoas para cada carro. Em 2007, esse número caiu para 2,09, o que mostra o crescimento proporcional de carros. A cidade tinha 5,08 pessoas para cada carro em 1997 e 5,15 dez anos depois.
Nos distritos que ocupam as quatro posições seguintes na lista, a variação também foi acima da média -Alto de Pinheiros, Morumbi e Itaim Bibi. Eles saltaram do oitavo, quinto e sétimo lugares na lista, respectivamente, para a segunda, terceira e quarta posições. Em dez anos, porém, a quantidade absoluta de moradores diminuiu nesses distritos -o que fez cair, consequentemente, os totais absolutos de carros. A pesquisa mostra que o maior potencial de crescimento da densidade de automóveis está nos extremos da cidade.
Em distritos como Cidade Tiradentes, Jaraguá e Vila Curuçá, onde a população cresceu entre 45% e 60%, os totais de automóveis mais que dobraram. Entretanto, as regiões com maior número de famílias sem carro ainda estão na periferia, embora regiões centrais como Sé, Liberdade e Bom Retiro -onde a malha de transporte público é mais densa- também concentrem boa parte de casas onde ninguém tem carro.

Mais gente rica
Para o engenheiro e vice-presidente da ANTP (Associação Nacional dos Transportes Públicos) Cláudio Senna Frederico, um dos fatores que contribuem para o aumento de carros em áreas já densas é o aumento da quantidade de empreendimentos de alto padrão, que atrai para essas regiões justamente quem mais tem carro. Moema, por exemplo, foi o quarto distrito que mais recebeu empreendimentos residenciais em dez anos, segundo dados da prefeitura -145 ao todo, 3,2% do total da cidade. Perdizes e Itaim Bibi atingiram o mesmo percentual. A Lapa, com 5,9%, foi o que atraiu mais.

Uso excessivo
"E não vejo problema nenhum na posse do carro. É inevitável. Pode ter quantos quiser na garagem. Não vai ser prejudicial à cidade. O problema é quando ocorre um uso irracional, quando todo mundo quer usá-lo todos os dias, para qualquer coisa", diz Frederico. Ele compara a posse do carro à do barco ou à do home theater. "Só vai ser problemático se todo mundo quiser sair na rua com seu home theater."
Para o engenheiro e professor da USP Cláudio Barbieri, a expansão do transporte no centro (metrô e corredores de ônibus) ainda não foi suficiente para atrair os mais ricos. Para Barbieri, argumentos para convencer a população a deixar o carro em casa -como não contribuir para agravar a poluição ou o próprio trânsito da cidade, por exemplo-, só vão fazer diferença quando o transporte público compensar a "atração irresistível" pelo carro, com economia de tempo e relativo conforto.

Metrô
Embora reconheça que a qualidade e o tamanho da atual malha de metrô no centro ainda não são capazes de atrair a população que usa o carro, o diretor de expansão do Metrô, Marcos Kassab, diz que "primeiro é preciso abrir um pouco a malha [levar o metrô a regiões extremas] para, aos poucos, distribuir as pessoas [moradias e serviços] pela rede".
Inaugurado nos anos 70, o metrô hoje tem 61,3 km. "O ritmo de crescimento até hoje foi de 1 km por ano. A meta é aumentar isso para 5 km por ano [até 2010, quando acaba a gestão estadual] e manter nos próximos anos. Aí, daqui uns 20 anos, quem tiver que tomar a decisão [de implantar o pedágio urbano] poderá analisar." (RS e AI)

Folha Online

Veja o ranking completo de carros por família

www.folha.com.br/091133


Texto Anterior: Moradores do Pacaembu pedem mais ônibus
Próximo Texto: Frases
Índice



Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress.