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TRANSPORTE
Modelo proposto para ligar Guarulhos ao Tucuruvi usa veículo sobre pneus com capacidade próxima à do sistema sobre trilhos
Técnicos apostam em "ônibus-metrô" para SP
ALENCAR IZIDORO
DA REPORTAGEM LOCAL
Um projeto elaborado por especialistas independentes e de empresas públicas ligadas ao Estado
e à Prefeitura de São Paulo sugere
a implantação de uma nova modalidade de transporte coletivo
sobre pneus na região metropolitana, intermediária entre metrô e
ônibus, cujo traçado inicial ligaria
a cidade de Guarulhos à estação
Tucuruvi do metrô (zona norte).
O trajeto de 20 km é inspirado
no Transmilênio, tipo de corredor
de ônibus adotado com sucesso
em Bogotá, na Colômbia, e que foi
montado com a intenção de aprimorar as experiências de Curitiba
(PR) nesse tipo de transporte.
Esse novo modelo, batizado no
Brasil de TEU (Transporte Expresso Urbano), vende como um
de seus principais diferenciais em
relação às propostas anteriores de
VLP (Veículo Leve sobre Pneus),
como a do fracassado Fura-Fila, a
existência de duas faixas de tráfego para os coletivos nas proximidades das estações, de forma que
eles consigam fazer ultrapassagens, sem ficar enfileirados.
Essa característica aumenta a
velocidade média dos veículos e
permite a criação de linhas expressas, que ligariam as regiões de
maior demanda sem a necessidade de parar em todos os pontos.
No traçado de Guarulhos a São
Paulo sugerido como piloto está
inserida a criação de um túnel de
3,35 km e de um viaduto de 150 m
exclusivos desse sistema, ação
adotada em Bogotá para garantir
trajetos retos, sem desvios.
"A gente está acostumado a fazer passagem subterrânea para
carro e não para ônibus. E os corredores sempre foram uma adaptação do sistema viário, e não os
trajetos mais adequados para que
eles tenham um bom desempenho", diz Claudio de Senna Frederico, que foi secretário dos
Transportes Metropolitanos da
gestão Covas/Alckmin, do PSDB,
e que integra a equipe do TEU.
A idéia de aproximar esse sistema do padrão metroviário começa pela capacidade. No Transmilênio, ela atinge 37 mil passageiros
por hora, próxima das linhas de
metrô, contra 15 mil passageiros
por hora na média de corredores.
A semelhança com a rede sobre
trilhos se estende ainda às estações e ao monitoramento dos veículos em tempo real, de acordo
com Nazareno Affonso, vice-presidente da ANTP (Associação Nacional de Transportes Públicos).
Esses investimentos em corredores de ônibus mais sofisticados
têm se espalhado no mundo por
serem opções mais baratas: enquanto um km de metrô se aproxima de US$ 100 milhões, um km
do Transmilênio saiu por US$ 7
milhões. Os criadores do TEU falam em até US$ 9 milhões por km.
O Transmilênio, implantado há
quatro anos, inspirou a criação de
um TranSantiago, no Chile, e tem
influenciado mais de 30 projetos
de BRT (Bus Rapid Transit) nos
EUA, bem como investimentos
da China, da África e da América
Latina em corredores de ônibus.
Além do percurso inicial, há estudos para modelos semelhantes
no corredor da avenida Celso
Garcia (centro-zona leste de SP) e
na ligação de Diadema (ABC paulista) ao Brooklin, zona sul da capital. Os projetos são feitos com a
participação de técnicos do Metrô, da EMTU (Empresa Metropolitana de Transportes Urbanos)
e da SPTrans (São Paulo Transporte), em parceria com a ANTP.
Críticos desse modelo avaliam
que a capacidade de expansão dele é limitada, por conta de vias estreitas em São Paulo que impediriam a adoção de duas faixas de
rolamento -exceto com obras
que encarecem a construção.
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