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Invasão atrasa obras e contratações, diz reitoria
Processos estão retidos dentro do prédio invadido pelos estudantes há 23 dias
Uma das reformas na USP que estava em fase de contratação é o reparo no prédio da Geografia, que sofreu uma inundação
FÁBIO TAKAHASHI
DA REPORTAGEM LOCAL
A reitoria da USP afirma que
a invasão dos estudantes no
prédio central da universidade,
que já dura 23 dias, irá atrasar
reformas de unidades e contratação de professores -duas das
17 reivindicações dos alunos.
Um dos processos parados é
a reforma da cobertura do prédio da Geografia, que integra a
Faculdade de Filosofia, Letras e
Ciências Humanas (FFLCH).
A unidade sofreu uma inundação em março, quando uma
tubulação se rompeu durante
uma forte chuva. Foram feitos
reparos pontuais, mas há a previsão de uma reforma mais ampla na unidade. "O contrato está pronto para ser assinado.
Mas ele está lá dentro da reitoria", disse à Folha o vice-reitor,
Franco Maria Lajolo.
Outra obra que sofrerá atraso, segundo Lajolo, é a construção de salas de aula em um anexo do prédio da Letras, também na FFLCH. Como a documentação está dentro da reitoria, a licitação está parada.
No prédio que está ocupado
pelos estudantes funcionam os
departamentos de recursos humanos, jurídico, de manutenção do espaço físico, entre outros -além dos gabinetes dos
pró-reitores e da reitora Suely
Vilela. Ela tem despachado no
Ipen (Instituto de Pesquisas
Energéticas e Nucleares), que
fica dentro da Cidade Universitária (zona oeste de SP).
Segundo Lajolo, também haverá atraso na contratação de
professores e funcionários. Isso porque os pedidos feitos pelas unidades estão quase todos
dentro da reitoria. Em média, a
USP contrata anualmente 200
docentes e 300 servidores.
A reitoria afirma ainda que
professores e funcionários não
receberão nem horas extras
nem gratificações que seriam
pagas neste mês, pois foi necessário repetir a folha de pagamento do mês passado.
Está suspensa ainda a emissão de diplomas.
O comitê de comunicação
dos alunos afirma que o atraso
dos processos não significa que
eles não serão efetivados.
"Não é porque estamos aqui
há três semanas que as reformas, as contratações ou qualquer outra coisa não seja feita",
disse Luís Fernando Branco,
21, membro do comitê e estudante do 2º ano de história.
Governador
O governador José Serra
(PSDB) disse ontem que, "sem
dúvida nenhuma", a invasão da
reitoria da USP decorre de uma
"partidarização de parte" dos
estudantes do movimento.
A declaração foi dada durante visita à Academia da Polícia
Militar, no Jardim Tremembé
(zona norte de SP).
Após a solenidade da PM,
Serra foi questionado se considerava a possibilidade da partidarização e politização da ocupação na USP e respondeu:
"Sem dúvida nenhuma, não da
parte da maioria dos estudantes, mas sem dúvida há um grupo que tem motivação de natureza política e, alguns outros,
até político eleitoral".
Serra, no entanto, não quis
dizer quais partidos políticos
teriam ligação com o movimento dos estudantes.
"Ele quer tentar manobrar a
discussão", disse Luís Fernando Branco, do comitê de comunicação dos alunos. "Claro que
aqui há integrantes do PSOL,
PSTU, PCO. Mas eles são minoria e não comandam nada."
Colaborou ANDRÉ CARAMANTE, da Reportagem Local
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