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Carentes podem perder atendimento
da Reportagem Local
Em seus 5 anos de vida, a menina
Paloma Gonçalves traz em sua história seis delicadas neurocirurgias
realizadas para a retirada de um
tumor na cabeça.
Filha de uma dona-de-casa e de
um encanador, cuja renda é de R$
350 mensais, Paloma, diz a própria
mãe, pode ser considerada uma
garota "de sorte". "Não posso escolher a situação de saúde, mas tenho que agradecer o fato de ter
conseguido um atendimento de
primeira", diz a mãe, Adriana Rodrigues Gonçalves, 23.
Paloma está internada há um
mês, pela segunda vez em seis meses, na ala de pediatria assistencial
(cujos serviços são gratuitos) do
hospital Albert Einstein.
A oferta dessa cirurgia -um
procedimento de alta complexidade-, está restrita a poucos hospitais que detêm tecnologia de ponta. Mas esse serviço está ameaçado
de "extinção" no Einstein.
A ala onde está Paloma já teve 28
leitos gratuitos em 97. Passou para
12 em 98 e, no mês passado, diminuiu para quatro leitos. "A primeira queda se deu pela diminuição da
demanda. A segunda, por causa da
lei das filantrópicas", diz Telma
Sobolh Brandt, diretora de filantropia do Einstein.
A diminuição da demanda ocorreu, segundo Telma, por causa do
atendimento médico realizado pelo Einstein na favela de Paraisópolis (zona sudoeste).
O hospital possui um centro de
saúde com nove pediatras e 13 especialistas, onde é feito o atendimento de 7.000 crianças da favela.
Com o fim da isenção da contribuição previdenciária, o hospital
terá de recolher o equivalente a R$
18 milhões anuais. Por conta disso,
o investimento feito até hoje com
atendimento a carentes (cerca de
R$ 25 milhões a R$ 30 milhões
anuais) deve cair para R$ 15 milhões a R$ 18 milhões.
Além da redução de leitos, o projeto Einstein na Comunidade, que
seria ampliado para atender 11 mil
crianças, teve de deixar de atender
crianças de 10 a 12 anos. Com isso,
1.400 crianças perderam o direito
de receber atendimento e medicamentos gratuitos e também a possibilidade de serem atendidas sem
enfrentar as intermináveis filas dos
hospitais públicos.
"Meu filho, com 12 anos, agora
tem de ir para hospital público.
Não o levo mais para consulta de
rotina, porque não há vagas. Só
numa situação de muita emergência é que se consegue uma consulta." O vice-presidente do hospital
Albert Einstein, Claudio Lotemberg, disse que está disposto a discutir com o ministério a possibilidade de atender pacientes do SUS.
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