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Para relator, Brasil ainda tem que fazer muito
DA AGÊNCIA FOLHA
O atual relator especial sobre
tortura do Alto Comissariado
das Nações Unidas para os Direitos Humanos, o holandês
Theo van Boven, 63, considera
que "muito ainda precisa ser
feito para que o Brasil possa dizer que atingiu um estágio de
democracia plena".
A seguir, trechos da entrevista concedida pelo relator do Alto Comissariado da ONU em
maio por e-mail para a Agência
Folha.
(TGO)
Agência Folha - Desde o primeiro relatório da ONU em 2000
até o ano passado, o número de
casos denunciados de tortura no
Brasil aumentou quase 90%. Como esse aumento de vítimas poderia ser interpretado?
Theo van Boven - Esse aumento era esperado no contexto da
campanha lançada pelo governo federal após a visita de sir
Nigel Rodley [em 2000] e o lançamento de um disque-denúncias [em 2000]. Ações positivas
no combate à tortura já estão
sendo realizadas, mas muito
precisa ser feito para que o Brasil possa dizer que atingiu um
estágio de democracia plena.
Agência Folha - O relatório de
Nigel Rodley mostrou que
52,96% dos casos registrados foram atribuídos a autoridades
policiais. Por que isso acontece?
Van Boven - Tortura é principalmente usada para obter informações e confissões por investigadores -geralmente policiais civis.
Agência Folha - O sistema legal
brasileiro sobre tortura é eficiente?
Van Boven - A legislação brasileira tem muitos aspectos positivos. O problema é que ela permanece ignorada, e, muitas vezes, os Estados não têm condições de lidar com o problema
da tortura. As autoridades são
corruptíveis e não aplicam a lei.
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