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São Paulo, quinta-feira, 26 de junho de 2003

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TAUBATÉ

Órgão aponta procedimentos inadequados como causa das mortes, afastando hipótese de contaminação de remédio

Para Vigilância, superdose matou bebês

ELIANE MENDONÇA
DAS REGIONAIS

"Uma superdosagem devido a um procedimento inadequado" foi o que causou a morte de dois bebês no Hospital Universitário de Taubaté, no último sábado, segundo uma nota oficial divulgada no final da tarde de ontem pelo Centro de Vigilância Sanitária da Secretaria de Estado da Saúde.
Segundo a diretora técnica da vigilância, Marisa Lima Carvalho, a inspeção feita no hospital e a análise dos prontuários que descrevia a avaliação clínica do que aconteceu com os bebês apontaram para erro de procedimento.
Isso teria acontecido, segundo ela, ao tentar retirar do medicamento de 5.000.000UI a dose de 0,1ml. "Esse medicamento é indicado geralmente para uso adulto e a prescrição solicitava o uso do medicamento de 1.000.000UI, que estava disponível no hospital", disse.
A quantidade maior de potássio provoca falta de ar e parada cardíaca irreversível, como aconteceu com os bebês.
Com isso, foi descartada a suspeita de contaminação do medicamento Benzilpenicilina Potássica 5.000.000UI, produzido pelo Laboratório Prodotti, que havia sido interditado cautelarmente, anteontem, como principal suspeito da causa das mortes.
Ontem o medicamento voltou a ser liberado para uso em todo o país. "Me sinto satisfeito com a liberação, já que a interdição durou menos de 24 horas. Mas, certamente toda essa repercussão não foi boa. Hoje [ontem], o Brasil todo me ligou querendo saber do suposto problema com a medicação", disse ontem o presidente do laboratório Prodotti, Paulo Macruz.

Inquérito policial
Segundo o delegado seccional de Taubaté, Roberto Martins de Barros, a constatação feita pela Secretaria de Estado da Saúde será anexada ao inquérito instaurado e os profissionais do hospital que fizeram o atendimento aos bebês serão ouvidos.
"Caso fique provado que a culpa tenha sido de algum profissional, por prescrição ou procedimento, a pessoa será indiciada por homicídio culposo, com pena de um a três anos de reclusão", disse.
Segundo ele, a pena pode ser maior caso seja constatado que houve "inobservância de regras técnicas relativas à profissão, ato ou ofício". "Nesse caso, a pena pode ser aumentada em um terço", disse ontem o delegado.

Outro lado
O diretor-presidente da Fust (Fundação Universitária de Saúde de Taubaté), Dorivaldo Francisco da Silva, responsável pela administração do Hospital Universitário de Taubaté, informou ontem que o comunicado da Secretaria de Estado da Saúde não altera a sindicância que está sendo feita pelo hospital.
Além disso, segundo a nota, a Fust vai aguardar a divulgação oficial do resultado da análise que está sendo feita pelo laboratorio Adolfo Lutz e se compromete a divulgar o resultado, assim como as medidas que serão tomadas, quando tudo for concluído.


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