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TAUBATÉ
Órgão aponta procedimentos inadequados como causa das mortes, afastando hipótese de contaminação de remédio
Para Vigilância, superdose matou bebês
ELIANE MENDONÇA
DAS REGIONAIS
"Uma superdosagem devido a
um procedimento inadequado"
foi o que causou a morte de dois
bebês no Hospital Universitário
de Taubaté, no último sábado, segundo uma nota oficial divulgada
no final da tarde de ontem pelo
Centro de Vigilância Sanitária da
Secretaria de Estado da Saúde.
Segundo a diretora técnica da
vigilância, Marisa Lima Carvalho,
a inspeção feita no hospital e a
análise dos prontuários que descrevia a avaliação clínica do que
aconteceu com os bebês apontaram para erro de procedimento.
Isso teria acontecido, segundo
ela, ao tentar retirar do medicamento de 5.000.000UI a dose de
0,1ml. "Esse medicamento é indicado geralmente para uso adulto e
a prescrição solicitava o uso do
medicamento de 1.000.000UI, que
estava disponível no hospital",
disse.
A quantidade maior de potássio
provoca falta de ar e parada cardíaca irreversível, como aconteceu com os bebês.
Com isso, foi descartada a suspeita de contaminação do medicamento Benzilpenicilina Potássica 5.000.000UI, produzido pelo
Laboratório Prodotti, que havia
sido interditado cautelarmente,
anteontem, como principal suspeito da causa das mortes.
Ontem o medicamento voltou a
ser liberado para uso em todo o
país. "Me sinto satisfeito com a liberação, já que a interdição durou
menos de 24 horas. Mas, certamente toda essa repercussão não
foi boa. Hoje [ontem], o Brasil todo me ligou querendo saber do
suposto problema com a medicação", disse ontem o presidente do
laboratório Prodotti, Paulo Macruz.
Inquérito policial
Segundo o delegado seccional
de Taubaté, Roberto Martins de
Barros, a constatação feita pela
Secretaria de Estado da Saúde será anexada ao inquérito instaurado e os profissionais do hospital
que fizeram o atendimento aos
bebês serão ouvidos.
"Caso fique provado que a culpa tenha sido de algum profissional, por prescrição ou procedimento, a pessoa será indiciada
por homicídio culposo, com pena
de um a três anos de reclusão",
disse.
Segundo ele, a pena pode ser
maior caso seja constatado que
houve "inobservância de regras
técnicas relativas à profissão, ato
ou ofício". "Nesse caso, a pena pode ser aumentada em um terço",
disse ontem o delegado.
Outro lado
O diretor-presidente da Fust
(Fundação Universitária de Saúde
de Taubaté), Dorivaldo Francisco
da Silva, responsável pela administração do Hospital Universitário de Taubaté, informou ontem
que o comunicado da Secretaria
de Estado da Saúde não altera a
sindicância que está sendo feita
pelo hospital.
Além disso, segundo a nota, a
Fust vai aguardar a divulgação
oficial do resultado da análise que
está sendo feita pelo laboratorio
Adolfo Lutz e se compromete a
divulgar o resultado, assim como
as medidas que serão tomadas,
quando tudo for concluído.
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