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SAÚDE
Quando técnicos do município de Campinas chegaram ao laboratório clandestino, não havia mais atividade no local
Vigilância demorou 2 meses para fiscalizar fábrica
FABIANE LEITE
DA REPORTAGEM LOCAL
A vigilância sanitária só vistoriou a suposta fábrica do laboratório farmacêutico clandestino
Lens Surgical depois de passados
mais de dois meses da data em
que a Anvisa publicara ordem para a apreensão do produto Methyl
Lens 2%. Quando os técnicos da
vigilância do município de Campinas (SP) entraram no barracão
da empresa, em 25 de abril, não
havia mais nada. O confisco de
produtos suspeitos só ocorreu no
dia 17 deste mês, após entrega de
104 unidades pelo laboratório.
O Methyl Lens 2%, utilizado como auxiliar em cirurgias de catarata -mantém o formato do olho
para a colocação da lente-, é suspeito de causar cegueira em 12 pacientes no Rio de Janeiro.
Os primeiros relatos de endoftalmite (infecção interna do olho),
de um hospital de Niterói (RJ), foram recebidos pela Anvisa (Agência Nacional de Vigilância Sanitária) em 9 de janeiro. A Anvisa, em
um comunicado recente, informou que só determinou o recolhimento em fevereiro porque se tratava de caso isolado. Segundo
mensagem do diretor-presidente
da agência, Cláudio Maierovitch
Pessanha Henriques, foi necessário pedir mais informações.
De acordo com relatório da vigilância de Campinas, apesar de a
ordem de apreensão ser de fevereiro -e de ter sido reforçada por
publicação e informes estaduais-, o setor que faria a fiscalização só foi informado da ordem
em 20 de março.
A vigilância esteve no estabelecimento nos dias 24 de março, 9 e
22 de abril -a suposta fábrica estava sempre fechada. Segundo a
coordenadora da vigilância de
Campinas, Salma Balista, só após
a última visita é que o órgão tomou providências para obter ordem judicial e entrar na fábrica
-havia sinais de movimentação
no local. Antes da ordem judicial,
um funcionário do Lens Surgical
autorizou a blitz. "Poderia ser
mais rápido? Olhando agora, sim.
Mas naquela hora não tínhamos
dimensão do caso", diz.
Água estéril
A vigilância de São Paulo determinou ontem que a multinacional Baxter apresente até amanhã
amostras de água estéril vendida a
um outro laboratório oftalmológico, o OftVision, cujo produto
OftVisc teria causado problemas
em mais de 200 pacientes. O órgão investiga se a água tem relação com casos de infecção. A Baxter informou que possui laudos
que atestam a qualidade dos lotes.
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