São Paulo, segunda-feira, 26 de junho de 2006

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Hoje, criminoso com cargo de "sintonia" articula as ações do grupo em presídio

DO ENVIADO ESPECIAL A PRESIDENTE VENCESLAU

Ao se utilizar da mesma estratégia almejada por juízes e promotores, que defendem o fim da obrigatoriedade de identificação de quem atua juridicamente contra o crime organizado, o PCC criou dentro da sua hierarquia a função do "sintonia", um criminoso encarregado de administrar as ações do grupo. Além de ter função administrativa, ele retransmite ordens para crimes -como ocorreu em maio, durante a afronta da facção ao Estado.
Dentro do sistema prisional, o "sintonia" é o criminoso pouco conhecido pela diretoria de prisão onde está e que, para evitar que outros presos o denunciem em troca de benefícios junto aos funcionários do presídio, não deixam que sua real função na facção apareça.
"Sintonia" é o criminoso sem rosto, que só age dentro de sua cela quando está ao lado de pessoas de sua confiança e que, diante da descoberta de sua função elas têm o aval da liderança máxima do PCC para assumir a função imediatamente.
Os "sintonias" estão divididos por regiões do Estado. Alguns deles têm a incumbência de cuidar de que acontece em até 35 unidades prisionais -caso da região Oeste paulista, onde estão cerca de 32 mil detentos. Sem o aval dos "sintonias", que também têm o dever de retransmitir os "salves" (ordens) aos soldados do PCC, dentro ou fora dos presídios, nada ocorre. Eles também cuidam de rifas, bingos e da organização de festas para os parentes de presos dentro das penitenciárias.
Interceptado recentemente, o "salve" mais recente de um "sintonia" do PCC dá conta de que a paz nos presídios só será mantida se as prováveis transferências de líderes do grupo para o presídio federal de Catanduvas (PR), inaugurado na sexta-feira, não se concretizem.


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