São Paulo, sexta, 26 de junho de 1998

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MASSACRE EM FRANCISCO MORATO
Corregedoria encontra pistolas suspeitas na casa dos dois soldados que estão presos
Chefia da PM em Franco da Rocha pode cair

da Reportagem Local

O comando geral da Polícia Militar de São Paulo poderá realizar mudanças no comando do 26º batalhão, responsável pelo policiamento de Franco da Rocha (Grande SP) e também de Francisco Morato, onde uma chacina, na madrugada do último dia 17, deixou 11 pessoas mortas.
Até o momento, a principal suspeita a respeito dos autores do crime, tanto da Corregedoria da PM como da Polícia Civil, recai sobre policiais militares.
A Folha apurou junto a oficiais que a queda de todo o comando do 26º batalhão é quase certa. O que se espera, no entanto, é o desenrolar das investigações.
Desde quando o caso estourou, cinco soldados foram afastados dos seus postos. Dois estão presos temporariamente no presídio Romão Gomes (Alexandre Gomes e Antonio Acyr Camargo). Um terceiro está preso administrativamente (Renato Augusto Flores). O quarto soldado (Pedro Imar Machado) está cumprindo expediente na corregedoria. O quinto PM (José Expedito Fernandes) ficou preso administrativamente durante quatro dias, mas foi liberado após apresentar diversos álibis.
As maiores suspeitas recaem sobre Gomes e Camargo. Eles foram reconhecidos por duas testemunhas como os autores do assassinato do pintor Marcos Antônio Andrade, no dia 22 de fevereiro.
Andrade era namorado de Evelyn Aparecida Abrahão Zenan, uma das 11 pessoas mortas no massacre ocorrido no interior do bar Ponto de Encontro.
Evelyn era a principal testemunha do assassinato do namorado. A hipótese mais provável para a chacina seria queima de arquivo.
Segundo depoimento da testemunha-chave da chacina, Sandroval Marques, que está foragido, um dos atiradores seria uma pessoa branca, alta, magra e de olhos verdes. De acordo com a corregedoria, a descrição bate com as características de Gomes e Camargo.
Para piorar a situação dos soldados, que se recusam a dar entrevistas, durante as buscas realizadas pelos policiais do serviço reservado da PM na casa dos dois foram encontradas duas pistolas 380, o mesmo de um dos quatro tipos diferentes de calibres usados no massacre. "A coincidência do mesmo calibre aumenta a suspeita contra eles", declarou o major Antonio Carlos Biagioni, porta-voz do comando geral da PM.
As duas pistolas mais as duas armas da corporação apreendidas com Gomes e Camargo foram enviadas para o IC (Instituto de Criminalística). Segundo a PM, foram requisitados exames de balística do assassinato de Andrade e também da chacina. As duas testemunhas que reconheceram os PMs, segundo o promotor Adalberto Denser de Sá Júnior, estão sendo ameaçadas. (CRISPIM ALVES)


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