São Paulo, sexta, 26 de junho de 1998

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JOGO

Polícia fecha bingo ilegal que funcionava em praça pública

MARCELO OLIVEIRA
da Reportagem Local

Policiais do 101º DP (Jardim das Imbuias) fecharam ontem um bingo a céu aberto que funcionava na praça José Boemer Roschel, na Vila São José, na zona sul da cidade de São Paulo.
Segundo o delegado Oswaldo Ortega Medina, titular do 101º DP, foi a terceira vez em menos de um ano que ele "fechou" o bingo. "Eles acabam voltando", disse.
O camelô Reinaldo Ferreira de Santana, 48, representante do bingo, disse à Folha que todo o lucro é destinado para a Associação Beneficente Lírio dos Vales, cuja principal atividade é a doação de cestas básicas para favelados.
Santana admitiu que o bingo é irregular. "É irregular, mas é para uma boa causa."
A reportagem da Folha esteve no bingo na última segunda-feira. Não havia no local nenhuma placa ou faixa indicando que a renda do bingo é destinada para a entidade.
Às 15h, cerca de 30 pessoas apostavam já na 26ª partida do dia. O bingo paga prêmio mínimo de R$ 10 por rodada. A aposta custa R$ 1.
A presidente da associação, Laudicéia Américo de Mello, 49, confirmou que toda a receita da entidade, que funciona em sua casa, vem do bingo. As doações mensais variam de R$ 600 a R$ 1.000.
Segundo Laudicéia, o bingo não é da associação. "O bingo é particular. Eu os autorizei a trabalhar usando o nome da associação."
Independentemente da boa causa, segundo o promotor Gabriel de Inellas, do Serviço Auxiliar de Informação do Ministério Público, o bingo fere a lei federal 9.615, de março deste ano. Segundo o artigo 75 da lei, é crime a promoção de bingo irregular. A pena é de 6 meses a 2 anos de prisão.
Pela lei, só podem explorar bingos empresas associadas a federações e clubes esportivos com autorização do Ministério da Fazenda.



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