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ADMINISTRAÇÃO
Com caixa baixo, prefeitura quer expandir arrecadação; oficialmente, governo diz que inclusão visa cumprir lei
Marta ressuscita ISS de anúncio na internet
SÍLVIA CORRÊA
DA REPORTAGEM LOCAL
A Prefeitura de São Paulo começa a cobrar, neste mês, o ISS (Imposto Sobre Serviços) sobre a venda de anúncios na internet. O imposto recairá sobre o dono do espaço, os provedores de acesso.
Mas a prefeitura não quer só 5%
da receita gerada com anúncios a
partir de 1º deste mês: quer o mesmo percentual sobre o que rendeu a atividade entre 1º de janeiro
de 1996 e 30 de junho deste ano.
A cobrança do imposto sobre
essas transações havia sido abolida em 1994, em portaria de Celso
Pitta, então secretário de Finanças
de Paulo Maluf (PPB). Foi ressuscitada no último dia 3 por uma
portaria da gestão de Marta Suplicy (PT), que enfrenta conhecidos problemas de caixa. Mas o
Código Tributário Nacional impede que a cobrança retroativa ultrapasse os últimos cinco anos.
A Folha apurou que a medida é
fruto da revisão geral das normas
de isenção e de benefícios fiscais
que está sendo feita pela Procuradoria Geral do Município.
Oficialmente, a prefeitura diz
que a inclusão não é resultado de
seu "apetite arrecadatório", mas
de uma adequação à legislação.
"Os serviços sujeitos à cobrança
de ISS são alvo de uma lista taxativa prevista em lei federal [decreto-lei 406/68". Portanto, o município não poderia ter deixado de cobrar. É mais uma medida corretiva do ponto de vista jurídico do
que uma decisão de apetite arrecadatório", justifica Fernando
Haddad, chefe de gabinete da Secretaria de Finanças e Desenvolvimento Econômico.
A secretaria estima que, sem incluir os atrasados, a cobrança significará acréscimo de, no máximo, 1% na receita anual de ISS
-R$ 1,655 bilhão na previsão
deste ano (ou seja, R$ 16,55 milhões). Não há estimativa referente aos débitos retroativos.
É muito diante dos números da
Abranet (Associação Brasileira de
Provedores de Acesso, Serviços e
Informações da Rede Internet). A
associação estima que a receita
publicitária dos provedores atinja, neste ano, R$ 200 milhões no
país -o que daria, em ISS, para
todas as cidades, mantida a alíquota de 5%, só R$ 10 milhões.
Os provedores concordam que
a venda de anúncios é sujeita à cobrança de ISS (leia ao lado), mas
questionam a retroatividade.
"Em 94, a exclusão foi fruto de
uma decisão unilateral. Agora, a
inclusão também é. Portanto, a legalidade dessa cobrança pode ser
questionada", diz Roque Abdo,
presidente da Abranet, que reúne
350 dos 1.241 maiores provedores
do país e não descarta questionar
na Justiça a cobrança retroativa
da prefeitura.
Os provedores têm até 7 de
agosto para pagar o imposto sobre a movimentação do mês. Para
saldar os atrasados, porém, o prazo é terça (dia 31). Quem não pagar será inscrito na dívida ativa e
sofrerá juros de 1% ao mês.
"A cobrança é legítima, mas
burra, pois incentiva a guerra fiscal. Os provedores podem mudar
a sede de seus servidores e pagar
menos imposto ou nem pagar",
diz Abdo, da Abranet.
Segundo ele, muitos municípios
não taxam anúncios ou adotam
alíquota de 0,5%. A entidade não
sabe quantos provedores têm sede na capital paulista. Dos quatro
maiores, dois estão na cidade, um
na Grande São Paulo e um no Sul.
A portaria que ressuscita a cobrança do ISS taxa também toda a
receita gerada pela "veiculação
onerosa de anúncios, exceto em
jornais, periódicos, rádios e TVs".
Ou seja: atinge outdoors, placas,
faixas, veículos, metrô. A fiscalização será feita por 200 fiscais.
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