São Paulo, sexta-feira, 26 de julho de 2002

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JUSTIÇA

Advogado, que obteve autorização da matrícula na Justiça Federal, apresentará laudo atestando sanidade mental de estudante

Juiz impede volta de atirador à faculdade

DAGUITO RODRIGUES
DA REPORTAGEM LOCAL

O juiz-corregedor dos presídios de São Paulo, Octávio Augusto Machado de Barros Filho, disse ontem que não vai autorizar o estudante de medicina Mateus da Costa Meira a voltar à Faculdade de Ciências Médicas da Santa Casa para se formar.
Costa Meira matou três pessoas e feriu outras cinco em uma sessão de cinema no Morumbi Shopping em 1999. Ele ainda não foi levado a julgamento.
A matrícula do estudante foi obtida através de um mandado de segurança na Justiça Federal de São Paulo. A decisão favorável saiu no começo deste ano e a matrícula na disciplina de oftalmologia foi feita no mês de maio. O curso, porém, é oferecido entre os meses de outubro e novembro.
Para Barros Filho, a saída de Costa Meira para assistir às aulas é ilegal, por estar preso em uma penitenciária de regime fechado. Além disso, mobilizaria uma estrutura policial grande -ele seria escoltado por agentes armados- e poderia colocar em risco a segurança do próprio estudante.
O juiz-corregedor também citou dois presos que fugiram há mais de dez anos no intervalo de uma aula na PUC (Pontifícia Universidade Católica).

Sanidade
O advogado de Costa Meira, Sérgio Reis, disse que, mesmo com a notícia da recusa, vai enviar nos próximos dez dias o requerimento pedindo a autorização a Barros Filho. Ele criticou a atitude do juiz-corregedor. "Ele não foi provocado, não poderia se pronunciar." Para tentar convencer o juiz-corregedor, o advogado pretende incluir no documento um laudo psiquiátrico que atesta a sanidade de Meira.
Já os estudantes da faculdade de medicina se mostraram ontem contrários à possibilidade de Meira voltar a frequentar as aulas. Segundo eles, que preferiram não se identificar, a presença do acusado poderia causar tumultos.
O prédio onde Meira assistiria às aulas é o mesmo onde estão os ambulatórios médicos, sempre lotados de pacientes.
A.C.M.M., 24, que vai se matricular na disciplina de oftalmologia, disse ter ficado com medo quando recebeu a notícia de que Costa Meira já está matriculado no curso. "Minha mãe ficaria preocupada". O estudante M.T.S.P., 22, disse que não aceitaria trabalhar com Costa Meira.
Para o diretor do Departamento de Oftalmologia, Geraldo de Almeida, 65, a discriminação por parte dos estudantes e pacientes é compreensível. "Como iriam encarar um médico chegando escoltado ou até algemado?"



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