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JUSTIÇA
Advogado, que obteve autorização da matrícula na Justiça Federal, apresentará laudo atestando sanidade mental de estudante
Juiz impede volta de atirador à faculdade
DAGUITO RODRIGUES
DA REPORTAGEM LOCAL
O juiz-corregedor dos presídios
de São Paulo, Octávio Augusto
Machado de Barros Filho, disse
ontem que não vai autorizar o estudante de medicina Mateus da
Costa Meira a voltar à Faculdade
de Ciências Médicas da Santa Casa para se formar.
Costa Meira matou três pessoas
e feriu outras cinco em uma sessão de cinema no Morumbi Shopping em 1999. Ele ainda não foi levado a julgamento.
A matrícula do estudante foi obtida através de um mandado de
segurança na Justiça Federal de
São Paulo. A decisão favorável
saiu no começo deste ano e a matrícula na disciplina de oftalmologia foi feita no mês de maio. O
curso, porém, é oferecido entre os
meses de outubro e novembro.
Para Barros Filho, a saída de
Costa Meira para assistir às aulas é
ilegal, por estar preso em uma penitenciária de regime fechado.
Além disso, mobilizaria uma estrutura policial grande -ele seria
escoltado por agentes armados-
e poderia colocar em risco a segurança do próprio estudante.
O juiz-corregedor também citou dois presos que fugiram há
mais de dez anos no intervalo de
uma aula na PUC (Pontifícia Universidade Católica).
Sanidade
O advogado de Costa Meira,
Sérgio Reis, disse que, mesmo
com a notícia da recusa, vai enviar
nos próximos dez dias o requerimento pedindo a autorização a
Barros Filho. Ele criticou a atitude
do juiz-corregedor. "Ele não foi
provocado, não poderia se pronunciar." Para tentar convencer o
juiz-corregedor, o advogado pretende incluir no documento um
laudo psiquiátrico que atesta a sanidade de Meira.
Já os estudantes da faculdade de
medicina se mostraram ontem
contrários à possibilidade de Meira voltar a frequentar as aulas. Segundo eles, que preferiram não se
identificar, a presença do acusado
poderia causar tumultos.
O prédio onde Meira assistiria
às aulas é o mesmo onde estão os
ambulatórios médicos, sempre
lotados de pacientes.
A.C.M.M., 24, que vai se matricular na disciplina de oftalmologia, disse ter ficado com medo
quando recebeu a notícia de que
Costa Meira já está matriculado
no curso. "Minha mãe ficaria
preocupada". O estudante
M.T.S.P., 22, disse que não aceitaria trabalhar com Costa Meira.
Para o diretor do Departamento
de Oftalmologia, Geraldo de Almeida, 65, a discriminação por
parte dos estudantes e pacientes é
compreensível. "Como iriam encarar um médico chegando escoltado ou até algemado?"
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