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TRAGÉDIA EM CONGONHAS/CUSTOS
Empresas e governo dividem conta da crise
Gol e TAM disseram aos ministros Dilma e Paulo Bernardo que vão cooperar, mas que as passagens vão ficar mais caras
As companhias reivindicam
compensações, como
indenização maior por
problemas de tráfego e cota
mínima em Congonhas
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
Depois de dez meses de caos
aéreo, a TAM e a Gol -maiores
companhias de aviação regular
do Brasil- começaram a negociar ontem com o governo o rateio da conta da crise.
As duas empresas afirmaram
aos ministros Dilma Rousseff
(Casa Civil) e Paulo Bernardo
(Planejamento), durante a reunião realizada ontem, que vão
cooperar com o governo, mas
ressaltaram que as passagens
aéreas ficarão mais caras por
conta dos custos das medidas
determinadas pelo Conac
(Conselho Nacional de Aviação
Civil) na sexta-feira.
Entre as medidas anunciadas, estão o fim de operações
com escalas e conexões em
Congonhas e redução do número de vôos nesse aeroporto.
As empresas, no entanto, pediram uma série de compensações, como manter ao menos
30% dos vôos atuais no aeroporto de Congonhas, em São
Paulo, o aumento dos valores
de indenização pagos às companhias pelas horas paradas
nos pátios de aeroportos e que a
AGU (Advocacia-Geral da
União) não recorra nas ações
judiciais eventualmente vencidas pelas empresas.
Dado o somatório de problemas e o acidente do vôo 3054
da TAM, que no dia 17 de julho
matou ao menos 199 pessoas,
as empresas avaliaram que não
é o momento de apresentar resistências, o que agravaria mais
os prejuízos às suas imagens.
De acordo com essa avaliação, todos sairiam ganhando
com um maior ordenamento
do setor.
Os pedidos foram apresentados pelos presidentes da TAM,
Marco Antonio Bologna, e da
Gol, Constantino de Oliveira
Jr., aos ministros Paulo Bernardo e Dilma Rousseff.
Sobre o aumento do valor das
indenizações pagas às empresas, Dilma prometeu que o assunto será estudado, segundo a
Folha apurou. Já quanto à posição da AGU nas ações vencidas pelas empresas, o governo
comprometeu-se apenas a discutir novamente a questão.
Ainda no ano passado, a Anac
(Agência Nacional de Aviação
Civil) decidiu elaborar um método para calcular eventuais
perdas das companhias com os
atrasos e problemas no controle de tráfego aéreo, mas essa
ferramenta nunca foi divulgada. As companhias também
não concordam entre si sobre o
valor do prejuízo.
De acordo com a legislação, a
Anac deve zelar tanto pelo bom
atendimento ao consumidor
quanto pela saúde financeira
das empresas, que são concessionárias de serviço público.
O governo aceitou o pedido
de manter ao menos 30% dos
vôos atuais em Congonhas. O
aeroporto responde por um
terço do total da receita das
duas companhias.
Para detalhar essa mudança,
as companhias se reunirão hoje
com a Anac para discutir alterações em suas malhas aéreas.
As companhias também sugeriram ao governo que a construção do terceiro terminal de
passageiros em São Paulo siga o
modelo de PPP (Parceria Público-Privada).
Competição e regulação
Segundo apurou a Folha, o
encontro foi cordial. Os dois
executivos chegaram a pedir
que o governo não permita
maior ampliação das outras
competidoras, OceanAir e
BRA, e mantenha o duopólio.
O problema agora também
passa a ser político: ao convocar as empresas, Dilma deixa
claro quem será o interlocutor
delas no governo e esvazia a
Anac, cuja atribuição é fiscalizar e regular o setor.
(IURI DANTAS)
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