|
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice
TRAGÉDIA EM CONGONHAS/INVESTIGAÇÃO
"Liberaria e voaria em avião acidentado"
À CPI vice-presidente técnico da TAM, Ruy Amparo, afirma que viajaria em Airbus mesmo com o reversor inoperante
Segundo ele, TAM vai continuar operando aeronaves com falha detectada dentro do prazo de dez dias para reparo
LEILA SUWWAN
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
O vice-presidente da área
técnica da TAM, Ruy Amparo,
afirmou ontem na CPI do Apagão Aéreo que liberaria e viajaria dentro do Airbus-A320 acidentado, mesmo com pleno conhecimento do reversor direito
inoperante, do peso próximo ao
limite máximo da aeronave e da
condição de chuva na pista nova de Congonhas.
Segundo ele, a TAM irá continuar operando o A320 de acordo com o manual, isto é, continuará voando as aeronaves
com falha detectada dentro do
prazo de dez dias para reparo.
Porém, disse que, no momento,
nenhum Airbus da empresa está voando com reversores pinados (travados).
Amparo disse não saber ao
certo a origem do PR-MBK
(prefixo do Airbus-A320), mas
sabia que operava na Ásia, possivelmente com uma empresa
aérea do Vietnã.
Ele afirmou ainda que o fator
importante para a TAM não foi
tanto a certificação feita pela
empresa anterior, mas a certificação posterior realizada em
Xangai pela empresa Starco,
que é homologada pela FAA
(agência de aviação dos Estados
Unidos).
Questionado pelo deputado
Sabino Castelo Branco (PTB-AM) se teria hoje novamente a
coragem de liberar a aeronave
MBK (prefixo do avião) naquelas condições anteriores ao acidente, Amparo disse: "Não só
teria a coragem [de liberar] como viajaria dentro dela".
Ele afirmou que o avião estava com "100% de segurança para operar". E rejeitou a noção
de que o peso, próximo ao limite, pudesse representar uma situação de risco.
Segundo afirmou o vice-presidente da TAM, o vôo 3054 estava com 62,7 toneladas, apenas 3% abaixo do limite máximo permitido, 64,7 toneladas.
"Nós não temos o que esconder e deixamos clara a questão
do reversor na nossa primeira
coletiva", disse Amparo, ao ser
questionado sobre a suposta
tentativa da TAM de ocultar a
informação de que o reversor
direito do A320 estava travado.
Amparo se recusou a comentar a possibilidade de falha dos
pilotos. "Antes dos dados da
caixa preta, não podemos dizer
isso", afirmou.
Porém, disse que existe uma
"norma mundial" para que o piloto não hesite depois de tocar
o solo no pouso.
"Uma vez que ele começa a
frear, tem que parar o avião",
disse, em resposta à possibilidade técnica de arremeter um
A320 em Congonhas depois de
iniciar a frenagem.
Ele também negou a hipótese de falha do computador de
bordo. "São três computadores,
um sempre verificando o outro", disse.
O executivo disse que a TAM
tem 1,4 mil funcionários de manutenção, o que considera "suficiente e adequado" para a frota e rejeitou questionamentos
sobre a importância do lucro da
empresa acima da segurança
dos passageiros.
Texto Anterior: Tragédia em Congonhas/Aeroporto: Federação de pilotos diz que já fazia alerta sobre Congonhas Próximo Texto: Paraná: Falha obriga Airbus da TAM a ficar em Londrina Índice
|