São Paulo, quinta-feira, 26 de julho de 2007

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TRAGÉDIA EM CONGONHAS/INVESTIGAÇÃO

"Liberaria e voaria em avião acidentado"

À CPI vice-presidente técnico da TAM, Ruy Amparo, afirma que viajaria em Airbus mesmo com o reversor inoperante

Segundo ele, TAM vai continuar operando aeronaves com falha detectada dentro do prazo de dez dias para reparo

LEILA SUWWAN
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

O vice-presidente da área técnica da TAM, Ruy Amparo, afirmou ontem na CPI do Apagão Aéreo que liberaria e viajaria dentro do Airbus-A320 acidentado, mesmo com pleno conhecimento do reversor direito inoperante, do peso próximo ao limite máximo da aeronave e da condição de chuva na pista nova de Congonhas.
Segundo ele, a TAM irá continuar operando o A320 de acordo com o manual, isto é, continuará voando as aeronaves com falha detectada dentro do prazo de dez dias para reparo. Porém, disse que, no momento, nenhum Airbus da empresa está voando com reversores pinados (travados).
Amparo disse não saber ao certo a origem do PR-MBK (prefixo do Airbus-A320), mas sabia que operava na Ásia, possivelmente com uma empresa aérea do Vietnã.
Ele afirmou ainda que o fator importante para a TAM não foi tanto a certificação feita pela empresa anterior, mas a certificação posterior realizada em Xangai pela empresa Starco, que é homologada pela FAA (agência de aviação dos Estados Unidos).
Questionado pelo deputado Sabino Castelo Branco (PTB-AM) se teria hoje novamente a coragem de liberar a aeronave MBK (prefixo do avião) naquelas condições anteriores ao acidente, Amparo disse: "Não só teria a coragem [de liberar] como viajaria dentro dela".
Ele afirmou que o avião estava com "100% de segurança para operar". E rejeitou a noção de que o peso, próximo ao limite, pudesse representar uma situação de risco.
Segundo afirmou o vice-presidente da TAM, o vôo 3054 estava com 62,7 toneladas, apenas 3% abaixo do limite máximo permitido, 64,7 toneladas.
"Nós não temos o que esconder e deixamos clara a questão do reversor na nossa primeira coletiva", disse Amparo, ao ser questionado sobre a suposta tentativa da TAM de ocultar a informação de que o reversor direito do A320 estava travado.
Amparo se recusou a comentar a possibilidade de falha dos pilotos. "Antes dos dados da caixa preta, não podemos dizer isso", afirmou.
Porém, disse que existe uma "norma mundial" para que o piloto não hesite depois de tocar o solo no pouso.
"Uma vez que ele começa a frear, tem que parar o avião", disse, em resposta à possibilidade técnica de arremeter um A320 em Congonhas depois de iniciar a frenagem.
Ele também negou a hipótese de falha do computador de bordo. "São três computadores, um sempre verificando o outro", disse.
O executivo disse que a TAM tem 1,4 mil funcionários de manutenção, o que considera "suficiente e adequado" para a frota e rejeitou questionamentos sobre a importância do lucro da empresa acima da segurança dos passageiros.


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