São Paulo, domingo, 26 de julho de 2009

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Empresário de fretados teme falência; usuários, ônibus e metrô lotados

MARIANA BARROS
DA REPORTAGEM LOCAL

Na tarde da última sexta-feira, o empresário Antônio Carlos Santana quebrava a cabeça em frente ao computador para encontrar, nas palavras dele, o melhor caminho entre os piores.
Dono de uma empresa que freta ônibus, ele buscava rotas alternativas para driblar a restrição e continuar transportando os cerca de 500 passageiros atendidos.
"Não dá. Berrini, praça da Sé, 23 de Maio, Santo Amaro, Renato Paes de Barros... acabou", disse, enumerando os locais pelos quais não encontrou maneiras de conseguir passar. Santana reclama ainda das informações desencontradas sobre quais serão as vias proibidas.
Das 12 linhas que mantém, quatro devem ser desativadas a partir de amanhã. "Não tenho como pagar os ônibus que alugamos. As pessoas vão perder o transporte, mas eu vou perder o emprego", lamenta ele.
A farmacêutica Ediliz Priscilla Maciel Possari, 25, afirma que, além do transporte, perderá a saúde. "Vou ter de acordar às 4h30, em vez de às 5h, porque o trajeto vai demorar mais." Ediliz cogita comprar um carro para poupar o tempo de sono, mas diz que, quando usa o próprio veículo para ir de sua casa, em Itaquera (zona leste), ao trabalho, em Santo Amaro (zona sul), demora mais do que quando recorre ao fretado.
A maioria dos usuários com que a reportagem conversou na última sexta-feira planeja trocar o fretado por um carro, próprio ou de caronas. Os que não têm essa opção se afligem com o maior tempo que gastarão nos trajetos alternativos e com o possível reajuste dos fretados, cujo custo é baseado na quilometragem.
A falta de conforto e a superlotação de ônibus e metrô foi apontada como motivo para que deixassem de lado a opção do sistema público.
"Se eu usar o transporte público, tenho de tomar um ônibus da minha casa até a estação Artur Alvim do metrô, esperar quatro ou cinco trens até vir um em que eu consiga entrar, descer no Brás, pegar um ônibus lotado e ainda descer a 1 km do meu trabalho."
Os auxiliares administrativos Bruna Virgilia, 24, e Rodrigo Fonseca, 24, que também vão de fretado de casa, na zona leste, ao emprego, na zona sul, dizem já ter presenciado briga de quem tentava embarcar na estação Tatuapé e de passageiros da linha municipal que saía da praça da Sé, no centro da cidade, rumo à zona leste.
"Dois caras saíram na porrada dentro do ônibus, por falta de lugar", conta Bruna, que costuma esperar uma hora até conseguir subir em um veículo superlotado. Os dois chegaram a procurar apartamento para morar em Santo Amaro e evitar passar por mais apertos. "Mas é caro demais", diz Fonseca.


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