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Empresário de fretados teme falência; usuários, ônibus e metrô lotados
MARIANA BARROS
DA REPORTAGEM LOCAL
Na tarde da última sexta-feira, o empresário Antônio
Carlos Santana quebrava a
cabeça em frente ao computador para encontrar, nas palavras dele, o melhor caminho entre os piores.
Dono de uma empresa que
freta ônibus, ele buscava rotas alternativas para driblar a
restrição e continuar transportando os cerca de 500 passageiros atendidos.
"Não dá. Berrini, praça da
Sé, 23 de Maio, Santo Amaro,
Renato Paes de Barros... acabou", disse, enumerando os
locais pelos quais não encontrou maneiras de conseguir
passar. Santana reclama ainda das informações desencontradas sobre quais serão
as vias proibidas.
Das 12 linhas que mantém,
quatro devem ser desativadas
a partir de amanhã. "Não tenho como pagar os ônibus
que alugamos. As pessoas vão
perder o transporte, mas eu
vou perder o emprego", lamenta ele.
A farmacêutica Ediliz Priscilla Maciel Possari, 25, afirma que, além do transporte,
perderá a saúde. "Vou ter de
acordar às 4h30, em vez de às
5h, porque o trajeto vai demorar mais." Ediliz cogita
comprar um carro para poupar o tempo de sono, mas diz
que, quando usa o próprio
veículo para ir de sua casa, em
Itaquera (zona leste), ao trabalho, em Santo Amaro (zona
sul), demora mais do que
quando recorre ao fretado.
A maioria dos usuários com
que a reportagem conversou
na última sexta-feira planeja
trocar o fretado por um carro,
próprio ou de caronas. Os que
não têm essa opção se afligem
com o maior tempo que gastarão nos trajetos alternativos e com o possível reajuste
dos fretados, cujo custo é baseado na quilometragem.
A falta de conforto e a superlotação de ônibus e metrô
foi apontada como motivo para que deixassem de lado a
opção do sistema público.
"Se eu usar o transporte
público, tenho de tomar um
ônibus da minha casa até a estação Artur Alvim do metrô,
esperar quatro ou cinco trens
até vir um em que eu consiga
entrar, descer no Brás, pegar
um ônibus lotado e ainda descer a 1 km do meu trabalho."
Os auxiliares administrativos Bruna Virgilia, 24, e Rodrigo Fonseca, 24, que também vão de fretado de casa, na
zona leste, ao emprego, na zona sul, dizem já ter presenciado briga de quem tentava embarcar na estação Tatuapé e
de passageiros da linha municipal que saía da praça da Sé,
no centro da cidade, rumo à
zona leste.
"Dois caras saíram na porrada dentro do ônibus, por
falta de lugar", conta Bruna,
que costuma esperar uma hora até conseguir subir em um
veículo superlotado. Os dois
chegaram a procurar apartamento para morar em Santo
Amaro e evitar passar por
mais apertos. "Mas é caro demais", diz Fonseca.
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