|
Próximo Texto | Índice
CRISE NOS TRANSPORTES
Manifestação de motoristas deixou 900 mil passageiros a pé, segundo a prefeitura
Vereador líder dos taxistas provoca adiamento da legalização de perueiros
RODRIGO VERGARA
MARCELO OLIVEIRA
da Reportagem Local
Uma manobra do
presidente do sindicato dos taxistas
de São Paulo, o vereador Natalício
Bezerra (PTB),
adiou ontem pela segunda vez a
votação de dois polêmicos projetos de lei sobre o transporte. Anteontem, os projetos foram motivo de confrontos entre perueiros e
motoristas de ônibus.
A manobra de Natalício Bezerra
ocorreu quando os projetos passavam por um congresso de comissões, uma medida adotada
para acelerar sua tramitação.
Bezerra, que é vice-presidente
da comissão de transportes, pediu
"vistas" ao projeto. Com isso, ganhou 48 horas para analisar o texto. Mas ele mesmo assume sua intenção: não quer em São Paulo
nenhum perueiro, categoria que
faz concorrência aos taxistas.
A medida teve dois efeitos. O
primeiro foi descumprir a palavra
do presidente da Câmara, Armando Mellão, que anteontem
havia prometido as votações a perueiros e motoristas.
"É lamentável. Acordo é para
ser cumprido", disse Mellão, após
a sessão.
A desobediência de Bezerra, integrante do grupo de vereadores
que apóia Pitta, ainda reforçou o
racha na base de governo do prefeito, motivado pela insatisfação
de um grupo de vereadores que
quer mais influência no governo.
Ontem, por exemplo, Bezerra
não estava sozinho na oposição
aos projetos. Toninho Paiva (PL)
e pelo menos mais um vereador,
do PTB, já haviam anunciado sua
intenção de pedir vistas.
A reação ao adiamento da votação foi menos violenta que a do
dia anterior. Os perueiros, que lotaram a galeria da Câmara, demoraram a perceber que a votação
havia sido adiada. Só notaram
quando a sessão foi encerrada.
A revolta foi pequena. Os manifestantes cantaram e gritaram, em
protesto, e jogaram moedas e notas de dinheiro sobre os vereadores, mas saíram sem incidentes.
Após a sessão, decidiram que só
voltam a se manifestar na terça-feira, quando deve ser apresentado o projeto do prefeito para votação. Hoje, às 11h30, eles realizam uma reunião para decidir como será o protesto.
Apesar de não estarem presentes à sessão, os motoristas de ônibus causaram mais transtorno,
com a continuidade da greve parcial, que completou três dias. Ontem, foram prejudicados 900 mil
passageiros, segundo a SPTrans.
Dez empresas de ônibus (seis
delas na zona leste) amanheceram fechadas por motoristas e
quatro terminais de ônibus (D.
Pedro, AE Carvalho, João Dias e
Capelinha) foram interditados.
Os momentos de maior tensão
ocorreram de manhã. Motoristas
e cobradores da Viação Campo
Belo interditaram parcialmente a
avenida Itapecerica. A polícia deteve alguns motoristas que haviam murchado pneus de ônibus
e os liberou em seguida.
Próximo Texto: Votação de projeto pode demorar mais 12 dias Índice
|