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BARBARA GANCIA
E a violência na novela das oito?
O ímpeto usado para condenar a falsa entrevista com
membros do PCC, apresentada
por Gugu Liberato no "Domingo
Legal", encerra um leque de intenções pouco nobres.
Por conta das informações sobre o caso publicadas nesta coluna, um canal de TV me ligou requisitando uma entrevista. Maldita a hora em que aceitei gravar
o depoimento. Depois que a entrevista foi ao ar, o pessoal não
me deu mais paz. Note que eu
apenas reiterei na TV o que havia
escrito na coluna. Mas não. O que
se seguiu foi um desvario generalizado. Produtores, diretores e repórteres do tal canal passaram a
ligar para a minha casa a todas
as horas do dia e da noite pedindo
mais, mais, mais.
Outro programa chegou a
anunciar minha presença ao vivo, justamente no horário em que
faço meu programa diário, no canal Bandsports. De onde veio essa
voracidade toda? Gugu já não
ajoelhou no milho? O caso já não
foi devidamente desvendado? A
resposta, todo mundo sabe, é que
a história gerou tamanha repercussão que, desde que a entrevista
com o falso PCC foi ao ar, a simples menção do nome de Gugu
passou a ser sinônimo de audiência garantida.
Acontece que os mesmos programas que esfolaram Gugu Liberato, se nunca chegaram a armar
uma farsa do porte da entrevista
inventada com o PCC, também
usam de uma concessão pública
para exibir brutalidades em horário inadequado.
O Ministério Público Federal já
requisitou as fitas dos programas
de Márcia Goldsmith e Gilberto
Barros. No caso de Márcia, o ministério quer investigar a história
da mulher que disse ter vivido
conjugalmente com seu próprio
filho. E, no caso do Leão, quer saber quem é a vítima da explosão
do shopping de Osasco que foi
apresentada no programa, mas
não consta da lista oficial.
Além de pegar no pé da Márcia
e do Gilberto, será que o Ministério Público também vai se manifestar contra cenas como as exibidas por dois dias seguidos na novela das oito, do ex-marido arrebentando uma raquete de tênis
sobre o corpo desnudo da professora? Foram momentos intermináveis de violência explícita. Ora,
será que a narrativa da novela teria sido prejudicada se a violência
tivesse sido apenas sugerida?
Mais: em vez de recorrer à asquerosa censura para castigar
Gugu Liberato e, com isso, colocar
em risco dezenas de empregos,
não seria mais sensato começar
estabelecendo o que é jornalismo
e o que é mera diversão?
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