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São Paulo, sexta-feira, 26 de setembro de 2003

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MAPA DA FOME

Cálculo feito pela FGV mostra que quem mora na Maré trabalha 46,47 horas por semana; na Tijuca, média é de 39,8 horas

No Rio, morador de favela trabalha mais

Publius Vergilus-5.abr.2001/Folha Imagem
Moradoras caminham no Complexo da Maré, região onde os moradores trabalham mais horas por semana


TALITA FIGUEIREDO
FREE-LANCE PARA A FOLHA

Moradores de favelas do Rio, como o complexo da Maré (zona norte) e a Rocinha (zona sul), trabalham mais horas por semana e ganham menos por hora trabalhada do que moradores de bairros de classe média, como Tijuca e Botafogo. O cálculo foi feito por pesquisadores da FGV (Fundação Getúlio Vargas), que divulgaram ontem o Mapa do Fim da Fome 2, com base no Censo 2000.
Os números apresentados ontem detalham a situação do Estado do Rio, cuja população miserável é de cerca de 2,7 milhões de pessoas (19,45% do total).
Para a fundação, miseráveis são aqueles que não ganham o suficiente para consumir as 2.280 calorias diárias recomendadas pela OMS (Organização Mundial da Saúde). Segundo o cálculo da FGV, estão abaixo da linha da miséria os que têm renda de menos de R$ 80 mensais, no Brasil, ou de menos de R$ 79, no Rio.
De acordo com o Mapa do Fim da Fome 2, para que cada miserável fluminense consiga ultrapassar a linha da miséria são necessários em média mais R$ 37,07 por mês. Se cada não-miserável do Estado doasse R$ 8 mensalmente, seria possível em tese erradicar a miséria, disse o pesquisador Marcelo Neri, coordenador do estudo.
As informações sobre a jornada semanal de trabalho por bairro da capital chamaram a atenção dos autores do estudo. Na média, o carioca trabalha 42,68 horas por semana, para ganhar R$ 5,26 por hora. Essa jornada chega a 46,47 horas nas favelas da Maré (zona norte) e a 45,93 horas na favela do Jacarezinho (zona norte), que é também o terceiro bairro com mais miseráveis do Rio (27,54%).
Em contraste, os moradores da Tijuca, bairro de classe média na zona norte, trabalham 39,8 horas por semana, para receber R$ 9,33 por hora, contra R$ 1,90 recebido pelos moradores da Maré.
O mapa atualiza um estudo divulgado pela FGV em 2001, que concluiu que o país tem 50 milhões de miseráveis. Em novembro, a FGV deve divulgar os dados de todos os Estados brasileiros.


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