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São Paulo, sexta-feira, 26 de setembro de 2003

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EDUCAÇÃO

Universidade propõe reduzir o número de classes e parcelar pagamentos; professores querem transparência nas contas

PUC atrasa salários e quer fundir turmas

LUIS RENATO STRAUSS
DA REPORTAGEM LOCAL

A PUC-SP (Pontifícia Universidade de São Paulo) deu ontem mais um sinal de que a educação privada no país está em plena crise. A instituição, que só hoje irá pagar, com atraso, uma parcela de 30% dos salários deste mês, propôs medidas para resolver o problema e garantir o pagamento de dívidas de R$ 17,2 milhões com vencimento em 2004.
Primeiro, é prevista uma reestruturação da universidade. Uma das propostas visa a junção de turmas que tenham quantidade de alunos inferior à inicialmente planejada. Segundo documento encaminhado aos professores, há 514 turmas com menos de dez alunos, sendo que o programado era 223 turmas. Com ocupação de dez a 20 alunos, há 824 salas -quase o dobro do planejado.
O plano também prevê o aumento do número de vagas em cursos de alta procura. Ainda não foi definida a expansão da quantidade de alunos por turma, mas já há planos de criar um vestibular semestral em julho, além do realizado no fim de ano. Também está em análise o aumento de 10% no número de convocados nas listas de chamadas, para evitar o não-preenchimento de vagas.
Em um segundo projeto, a universidade faz uma espécie de plano emergencial, no qual professores e funcionários serão atingidos diretamente, com o corte de benefícios e o pagamento de 92% dos salários de setembro e dezembro -o restante seria parcelado em 12 vezes. Também propõe dividir o 13º salário em duas vezes.
Na noite de ontem, os professores decidiram, em assembléia, rejeitar as propostas e criar uma comissão para verificar a situação financeira da PUC e quais das medidas de contenção de gastos já estariam sendo implementadas.
"A reitoria não é transparente na prestação de contas e quer que os professores paguem o déficit. Isso é inaceitável", disse Edson Martins de Oliveira, diretor da associação dos professores. A assembléia reuniu cerca de 80 dos 600 professores, mas as aulas não foram suspensas.
No início deste semestre, as dez maiores universidades privadas do país já haviam dado sinais de crise. Apontavam problemas como aumento da evasão e da inadimplência. Na PUC-MG, por exemplo, a evasão dobrou em relação a 2002, chegando a 6%. Na PUC-RS, a inadimplência chegou a 30% dos alunos em 2003, sendo que a média era de 15%.


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