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EDUCAÇÃO
Universidade propõe reduzir o número de classes e parcelar pagamentos; professores querem transparência nas contas
PUC atrasa salários e quer fundir turmas
LUIS RENATO STRAUSS
DA REPORTAGEM LOCAL
A PUC-SP (Pontifícia Universidade de São Paulo) deu ontem
mais um sinal de que a educação
privada no país está em plena crise. A instituição, que só hoje irá
pagar, com atraso, uma parcela de
30% dos salários deste mês, propôs medidas para resolver o problema e garantir o pagamento de
dívidas de R$ 17,2 milhões com
vencimento em 2004.
Primeiro, é prevista uma reestruturação da universidade. Uma
das propostas visa a junção de
turmas que tenham quantidade
de alunos inferior à inicialmente
planejada. Segundo documento
encaminhado aos professores, há
514 turmas com menos de dez
alunos, sendo que o programado
era 223 turmas. Com ocupação de
dez a 20 alunos, há 824 salas
-quase o dobro do planejado.
O plano também prevê o aumento do número de vagas em
cursos de alta procura. Ainda não
foi definida a expansão da quantidade de alunos por turma, mas já
há planos de criar um vestibular
semestral em julho, além do realizado no fim de ano. Também está
em análise o aumento de 10% no
número de convocados nas listas
de chamadas, para evitar o não-preenchimento de vagas.
Em um segundo projeto, a universidade faz uma espécie de plano emergencial, no qual professores e funcionários serão atingidos
diretamente, com o corte de benefícios e o pagamento de 92% dos
salários de setembro e dezembro
-o restante seria parcelado em
12 vezes. Também propõe dividir
o 13º salário em duas vezes.
Na noite de ontem, os professores decidiram, em assembléia, rejeitar as propostas e criar uma comissão para verificar a situação financeira da PUC e quais das medidas de contenção de gastos já
estariam sendo implementadas.
"A reitoria não é transparente
na prestação de contas e quer que
os professores paguem o déficit.
Isso é inaceitável", disse Edson
Martins de Oliveira, diretor da associação dos professores. A assembléia reuniu cerca de 80 dos
600 professores, mas as aulas não
foram suspensas.
No início deste semestre, as dez
maiores universidades privadas
do país já haviam dado sinais de
crise. Apontavam problemas como aumento da evasão e da inadimplência. Na PUC-MG, por
exemplo, a evasão dobrou em relação a 2002, chegando a 6%. Na
PUC-RS, a inadimplência chegou
a 30% dos alunos em 2003, sendo
que a média era de 15%.
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