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Reclusa e discreta, colônia chinesa se espalha por SP
Cidade é a preferida dos imigrantes, que têm até missas rezadas em mandarim
Segundo embaixada,
há 250 mil chineses
no país, sendo 200 mil
na capital paulista;
maioria está ilegal
TALITA BEDINELLI
DE SÃO PAULO
RAPHAEL VELEDA
COLABORAÇÃO PARA A FOLHA
Em uma igreja de construção moderna na Vila Olímpia, bairro nobre da zona
oeste de São Paulo, o padre
chinês Pierre Jin Ming, reza
em mandarim a missa de todos os domingos de manhã.
Ao mesmo tempo, a 2 km
dali, reúnem-se mais chineses em um outro culto, também em mandarim, na igreja
Cristã Chinesa do Brasil.
Ambas as reuniões acabam num encontro que entra
pela tarde e tem comida, leitura e muita conversa. Tudo
isso, lógico, em mandarim.
O quorum dos encontros
aumentou bastante nos últimos anos, afirma o padre
Pierre, da Missão Católica
Chinesa. O crescimento é fruto da nova leva de imigrantes
chineses que têm chegado ao
país, especialmente a São
Paulo, em busca de sucesso
nas áreas do comércio e da
importação de mercadorias.
Segundo estimativa da
Embaixada Brasileira da República Popular da China
existem hoje 250 mil chineses no Brasil, sendo 200 mil
em São Paulo. A maioria vive
ilegalmente -dados da Polícia Federal apontam 34.751
chineses regularizados.
Esse aumento, contudo, é
difícil de notar pelos mais
distraídos. Isso porque, na
maioria, os chineses são reclusos: preferem igrejas,
templos e até escolinhas frequentadas pela comunidade.
"Nossos filhos casam entre si. No final do ano, alugamos uma casa na praia e vamos todos juntos. Nossa família está toda na China. Então eles são nossa família
aqui", diz o médico Wu Xiao
Ying, 54 anos, 20 deles no
Brasil, referindo-se aos amigos chineses-paulistanos.
VIOLÊNCIA
A proximidade social não
se reflete em proximidade física. Ao contrário de outras
colônias, que costumam se
concentrar em bairros específicos, os chineses estão espalhados por toda a cidade.
É possível achá-los morando em áreas centrais, como o
Brás e a Aclimação, em regiões nobres, como Brooklin
e Jardins, ou em bairros como Vila Prudente, zona leste.
Um dos motivos disso é o
medo da violência. Chineses
entrevistados pela Folha
afirmam que muitos comerciantes -que guardam dinheiro em casa- viraram alvos de sequestro e de assaltos, que incluem torturas.
Há relatos de extorsões sofridas, inclusive, de membros da própria comunidade.
Nas delegacias do centro
não há registros. Policiais dizem, porém, que a maioria
não faz boletim de ocorrência por estarem ilegais.
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