São Paulo, domingo, 26 de setembro de 2010

Próximo Texto | Índice | Comunicar Erros

Reclusa e discreta, colônia chinesa se espalha por SP

Cidade é a preferida dos imigrantes, que têm até missas rezadas em mandarim

Segundo embaixada, há 250 mil chineses no país, sendo 200 mil na capital paulista; maioria está ilegal

TALITA BEDINELLI
DE SÃO PAULO
RAPHAEL VELEDA
COLABORAÇÃO PARA A FOLHA

Em uma igreja de construção moderna na Vila Olímpia, bairro nobre da zona oeste de São Paulo, o padre chinês Pierre Jin Ming, reza em mandarim a missa de todos os domingos de manhã.
Ao mesmo tempo, a 2 km dali, reúnem-se mais chineses em um outro culto, também em mandarim, na igreja Cristã Chinesa do Brasil.
Ambas as reuniões acabam num encontro que entra pela tarde e tem comida, leitura e muita conversa. Tudo isso, lógico, em mandarim.
O quorum dos encontros aumentou bastante nos últimos anos, afirma o padre Pierre, da Missão Católica Chinesa. O crescimento é fruto da nova leva de imigrantes chineses que têm chegado ao país, especialmente a São Paulo, em busca de sucesso nas áreas do comércio e da importação de mercadorias.
Segundo estimativa da Embaixada Brasileira da República Popular da China existem hoje 250 mil chineses no Brasil, sendo 200 mil em São Paulo. A maioria vive ilegalmente -dados da Polícia Federal apontam 34.751 chineses regularizados.
Esse aumento, contudo, é difícil de notar pelos mais distraídos. Isso porque, na maioria, os chineses são reclusos: preferem igrejas, templos e até escolinhas frequentadas pela comunidade.
"Nossos filhos casam entre si. No final do ano, alugamos uma casa na praia e vamos todos juntos. Nossa família está toda na China. Então eles são nossa família aqui", diz o médico Wu Xiao Ying, 54 anos, 20 deles no Brasil, referindo-se aos amigos chineses-paulistanos.

VIOLÊNCIA
A proximidade social não se reflete em proximidade física. Ao contrário de outras colônias, que costumam se concentrar em bairros específicos, os chineses estão espalhados por toda a cidade.
É possível achá-los morando em áreas centrais, como o Brás e a Aclimação, em regiões nobres, como Brooklin e Jardins, ou em bairros como Vila Prudente, zona leste.
Um dos motivos disso é o medo da violência. Chineses entrevistados pela Folha afirmam que muitos comerciantes -que guardam dinheiro em casa- viraram alvos de sequestro e de assaltos, que incluem torturas.
Há relatos de extorsões sofridas, inclusive, de membros da própria comunidade.
Nas delegacias do centro não há registros. Policiais dizem, porém, que a maioria não faz boletim de ocorrência por estarem ilegais.


Próximo Texto: Colégio chinês dá reforço de matemática para crianças
Índice | Comunicar Erros



Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress.