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SÃO PAULO
Segundo empresário, advogados que se diziam representantes de Pitta e de vereadores acenaram com aprovação rápida de prédio
Garnero diz ter recebido pedido de propina
GILBERTO DIMENSTEIN
DO CONSELHO EDITORIAL
O empresário Mario Garnero
(grupo Brasilinvest) disse ter recebido em 1999, às vésperas do
envio à Câmara de projeto que
viabilizaria a construção do maior
prédio do mundo em São Paulo,
propostas de intermediação feita
por advogados que se diziam representantes de vereadores e do
prefeito Celso Pitta (PTN).
Esses intermediários acenavam
com a aprovação mais rápida do
projeto, o Maharishi São Paulo
Tower, caso fossem liberados recursos via caixa dois. Garnero era
o coordenador do projeto, que
acabou não sendo enviado por
Pitta à Câmara.
Relatos sobre a cobrança de
propina foram discutidos, em
Nova York, pelos dirigentes do
Maharishi Global Development
Fund (MGDF), responsável pelo
financiamento de R$ 3 bilhões.
Um de seus principais executivos, Benjamin Feldman, chegou a
ficar dois meses em São Paulo,
acompanhando os obstáculos políticos em torno do prédio, anunciado como o mais alto do mundo: 108 andares espalhados em
510 metros de altura, a ser instalado no Pari (região central).
A avaliação, nesses encontros,
era de que, sem apoio da base governista, o projeto não passaria na
Câmara: urbanistas ligados à oposição, especialmente ao PT, faziam restrições à proposta.
Com chegada prevista para o
próximo sábado a São Paulo, Mario Garnero disse ontem em Paris
que se formou uma barreira de intermediários, cobrando taxas para aprovação do projeto.
Ele afirmou não ter condições
de dizer, porém, que eles tinham
autorização para falar em nome
dos vereadores ou de Pitta.
"A ordem era não pagar nada",
limitou-se a informar, preferindo
não entrar em detalhes. "Você deduz o resto", disse.
Com escândalo da máfia da
propina, que acuou o prefeito Celso Pitta com ameaças de impeachment, o prédio saiu, então,
da agenda oficial.
Os executivos do fundo, em Nova York, viam o tempo passar,
gastando dinheiro. Até agora, o
plano já custou R$ 40 milhões.
A ansiedade dos executivos norte-americanos cresceu à medida
que chegaram relatos sobre o desinteresse dos candidatos à prefeitura, em meio a críticas de urbanistas respeitados de que o Maharishi São Paulo Tower seria um
"monstrengo arquitetônico. Não
se percebeu interesse de Paulo
Maluf e Marta Suplicy.
Dallas
Na sexta-feira passada, o fundo
de investimento, com negócios
imobiliários em 16 países, informou a Mario Garnero que decidira retirar seu apoio e investir em
Dallas (Estados Unidos) ou Johannesburgo (África do Sul).
Já começaram os entendimentos com a Prefeitura de Dallas, para estudos sobre a viabilidade de
mudanças na lei de zoneamento.
Mario Garnero deve divulgar
hoje nota sobre a retirada do
apoio financeiro. Segundo o empresário, remotamente haveria
chance de o projeto voltar a ser
discutido -o que ele considera
improvável- caso o novo prefeito faça um apelo.
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