São Paulo, quinta-feira, 26 de outubro de 2000

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SÃO PAULO
Segundo empresário, advogados que se diziam representantes de Pitta e de vereadores acenaram com aprovação rápida de prédio
Garnero diz ter recebido pedido de propina

GILBERTO DIMENSTEIN
DO CONSELHO EDITORIAL

O empresário Mario Garnero (grupo Brasilinvest) disse ter recebido em 1999, às vésperas do envio à Câmara de projeto que viabilizaria a construção do maior prédio do mundo em São Paulo, propostas de intermediação feita por advogados que se diziam representantes de vereadores e do prefeito Celso Pitta (PTN).
Esses intermediários acenavam com a aprovação mais rápida do projeto, o Maharishi São Paulo Tower, caso fossem liberados recursos via caixa dois. Garnero era o coordenador do projeto, que acabou não sendo enviado por Pitta à Câmara.
Relatos sobre a cobrança de propina foram discutidos, em Nova York, pelos dirigentes do Maharishi Global Development Fund (MGDF), responsável pelo financiamento de R$ 3 bilhões.
Um de seus principais executivos, Benjamin Feldman, chegou a ficar dois meses em São Paulo, acompanhando os obstáculos políticos em torno do prédio, anunciado como o mais alto do mundo: 108 andares espalhados em 510 metros de altura, a ser instalado no Pari (região central).
A avaliação, nesses encontros, era de que, sem apoio da base governista, o projeto não passaria na Câmara: urbanistas ligados à oposição, especialmente ao PT, faziam restrições à proposta.
Com chegada prevista para o próximo sábado a São Paulo, Mario Garnero disse ontem em Paris que se formou uma barreira de intermediários, cobrando taxas para aprovação do projeto.
Ele afirmou não ter condições de dizer, porém, que eles tinham autorização para falar em nome dos vereadores ou de Pitta.
"A ordem era não pagar nada", limitou-se a informar, preferindo não entrar em detalhes. "Você deduz o resto", disse.
Com escândalo da máfia da propina, que acuou o prefeito Celso Pitta com ameaças de impeachment, o prédio saiu, então, da agenda oficial.
Os executivos do fundo, em Nova York, viam o tempo passar, gastando dinheiro. Até agora, o plano já custou R$ 40 milhões.
A ansiedade dos executivos norte-americanos cresceu à medida que chegaram relatos sobre o desinteresse dos candidatos à prefeitura, em meio a críticas de urbanistas respeitados de que o Maharishi São Paulo Tower seria um "monstrengo arquitetônico. Não se percebeu interesse de Paulo Maluf e Marta Suplicy.

Dallas
Na sexta-feira passada, o fundo de investimento, com negócios imobiliários em 16 países, informou a Mario Garnero que decidira retirar seu apoio e investir em Dallas (Estados Unidos) ou Johannesburgo (África do Sul).
Já começaram os entendimentos com a Prefeitura de Dallas, para estudos sobre a viabilidade de mudanças na lei de zoneamento.
Mario Garnero deve divulgar hoje nota sobre a retirada do apoio financeiro. Segundo o empresário, remotamente haveria chance de o projeto voltar a ser discutido -o que ele considera improvável- caso o novo prefeito faça um apelo.


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