São Paulo, quinta-feira, 26 de outubro de 2000

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EDUCAÇÃO
Relatório da organização aponta alternativas
Brasil deve investir mais em curso noturno, recomenda Banco Mundial

DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

O Brasil precisa investir em escolas de ensino médio que funcionem à noite para melhorar a qualidade da educação e permitir que mais estudantes completem o ensino básico, principalmente os de famílias de baixa renda.
A avaliação foi feita pelo especialista sênior em educação do Banco Mundial, Alberto Rodríguez, e pelo economista Carlos Herrán, responsável pela divisão de programas sociais do BID (Banco Interamericano de Desenvolvimento).
A proposta está no livro "Educação Secundária no Brasil: Chegou a Hora".
De acordo com os especialistas, não há possibilidade de o país diminuir o número de estudantes que estão hoje no ensino noturno a curto prazo. Atualmente, a maior parte dos alunos do ensino médio estuda à noite.
De acordo com o Censo Escolar de 1999, 54% dos 7,7 milhões de estudantes do ensino médio estão no período noturno. O relatório do BID mostra ainda que, desse total, 57% trabalham ou procuram emprego, enquanto apenas 23% dos que estudam durante o dia estão na mesma situação.
A conclusão do estudo é que a melhor saída, se o governo brasileiro quiser melhorar a qualidade do ensino médio, é investir em escolas noturnas.
Para isso, deve levar em conta que os alunos de um curso noturno têm um perfil diferente de quem estuda durante o dia e, por isso, precisa dar um tratamento diferente.
Segundo o relatório, a escola à noite costuma ser "o último recurso antes de o aluno desistir definitivamente". Principalmente porque são alunos que, normalmente, já estão atrasados em relação à série em que deveriam estar.
A maioria dos estudantes do ensino médio -4,3 milhões- tem 18 anos ou mais, idade em que já deveriam ter concluído o ensino básico.
"O principal desafio para o aumento da cobertura da educação secundária no Brasil é, claramente, a redução das repetições e a correção do fluxo de estudantes", diz o estudo.
Para que isso aconteça, os especialistas apontam algumas alternativas. Entre elas estão o projeto de classes de aceleração e as escolas nas férias, que permitem uma aprendizagem concentrada.
Outra possibilidade citada é o sistema de créditos, como os usados nas universidades.
Os estudantes que fossem reprovados em uma disciplina não precisariam repetir todo o ano, mas apenas aquela em que não foi aprovado. Com isso, o sistema poderia diminuir a repetência e o risco de evasão.


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