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BRIGA POR ESPAÇO
Grupos entraram em confronto por prédio abandonado em SP; antigos ocupantes registraram ocorrência
Sem-teto invadem hotel e expulsam hippies
DO AGORA
Seis "hippies sem-teto" foram
desalojados de um hotel abandonado, não por policiais da Tropa
de Choque ou seguranças particulares contratados, mas por militantes... sem-teto.
Cerca de 20 membros do Movimento de Trabalhadores Sem-Teto da Região Central invadiram,
às 22h30 de anteontem, o hotel já
ocupado, na rua 13 de Maio, no
Bexiga (região central). Com 17
quartos, o hotel estava abandonado há cerca de oito meses.
Seis moradores de rua, quatro
homens e duas mulheres, que viviam no hotel abandonado há
cerca de dois meses, foram expulsos pelos militantes.
"Nós os colocamos para fora
porque eram um monte de hippies usuários de drogas, e o movimento não pode conviver com o
consumo de droga", disse o coordenador-geral do movimento
Amilton de Souza.
Os dois grupos de sem-teto entraram em confronto, com mordidas e pedradas, e houve feridos
leves dos dois lados.
Segundo Souza, a invasão de
anteontem foi organizada após o
pedido da ambulante Paula Monteiro, 32, uma sétima sem-teto
que vivia no hotel, mas não simpatizava com os demais devido ao
suposto consumo de drogas.
"Eles eram um bando de maloqueiros, que só viviam fazendo
lambança do pior tipo", afirmou
Monteiro.
"Chamei o povo do movimento
para organizar a situação", disse.
Ela foi para o hotel após abandonar um quarto de pensão em Diadema, onde pagava R$ 170 por
mês. "Estava há dois meses sem
conseguir pagar aluguel", disse.
Quatro dos sem-teto expulsos
foram ao 5º Distrito Policial (Aclimação) registrar um boletim de
ocorrência de averiguação de
constrangimento ilegal: o garçom
Douglas Martins de Camargo, 31,
o balconista Júlio César da Silva,
30, e os artesões Gabriel Martine
Garcia, 28, e Danielle Cristiane
dos Santos, 20.
Segundo a polícia, eles foram
embora antes que a ocorrência estivesse encerrada. Santos e Garcia,
que teriam sido agredidos, não
chegaram a fazer o exame de corpo de delito.
Os militantes também acusaram os sem-teto "informais" de
agressão. "Os "nóias" jogaram pedras na gente e uma delas até me
mordeu", contou a balconista
Kelly Diane de Souza, 23, mostrando as marcas de dentes no polegar. Kelly e a mãe estão no movimento há sete anos.
"Não desanimamos, porque temos esperança de conseguir um
lugar para morar."
Na manhã de ontem, enquanto
lavavam o local para receber os
novos moradores, os sem-teto encontraram seringas e latas cortadas usadas por viciados.
Novas invasões
O líder Souza disse que a ocupação de anteontem foi apenas a primeira de outras programadas para esta semana. Segundo ele, as
novas invasões servirão para reacomodar 136 famílias que atualmente moram em três prédios invadidos, todos ameaçados de
reintegração de posse.
Um deles é um prédio na rua
Diocleciano, no Bom Retiro, com
80 famílias. Na avenida São Joaquim, há um outro endereço invadido, com 40 famílias, e um
imóvel na rua 21 de Abril abriga 16
famílias de sem-teto.
"Como nos três deve haver despejo no começo de fevereiro, vamos fazer outras invasões para
poder acomodar as famílias",
afirmou Souza.
O prédio na rua 13 de Maio vai
abrigar 20 famílias.
Colaborou a Reportagem Local
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