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Eles vendem facilidade, diz especialista
DA REPORTAGEM LOCAL
O problema da remuneração de
PMs por moradores não se restringe à irregularidade do bico,
mas principalmente à dificuldade
de impedir a utilização da estrutura pública, na avaliação de especialistas na área de segurança.
"Os moradores geralmente contratam não só a segurança, mas
suas facilidades. É um serviço particular de polícia. Se ele deixa de
ser policial, não é contratado porque não usa as facilidades do Estado", afirma Guaracy Mingardi,
pesquisador da ONU.
Entre os exemplos dessas "facilidades" está a possibilidade de
solicitar a presença de carros da
polícia com mais rapidez -inclusive podendo interferir nas prioridades de atendimento.
O coronel da reserva José Vicente da Silva, ex-secretário nacional
de Segurança Pública, afirma que
"a polícia não pode consentir"
com essa prática. "Normalmente
há esquemas por trás envolvendo
vários lugares. Eles vendem prioridades e facilidades", afirma.
Evandro Capano, presidente da
comissão de segurança pública da
OAB (Ordem dos Advogados do
Brasil), vê uma tendência de migração dos PMs para esse tipo de
bico. Ele afirma que era mais comum a atuação dos policiais em
estabelecimentos comerciais.
"De dois anos para cá, estão migrando. Na loja, ele está sozinho, é
mais perigoso. Na rua, está mais
disperso e menos exposto, além
da facilidade de ligar, na hora do
imprevisto, para a polícia", diz.
Capano diz que, "para a segurança pública, é algo ruim", mas
entende a "lógica do morador".
A média salarial de um soldado
da PM é próxima de R$ 1.300.
Altino Francisco da Silva Neto,
presidente do sindicato dos vigilantes autônomos de São Paulo,
diz haver atritos em algumas ruas
por conta da presença de PMs
tentando ocupar os espaços.
A categoria, que conta com
mais de 400 mil no Estado, entre
irregulares e regulares, tenta obter
autorização para andar armada.
Há projetos de lei que, se aprovados, poderão atender a esse pedido dos vigias de rua.
Carlos Roberto Silveira, assessor do sindicato dos vigilantes
que atuam em empresas de São
Paulo, afirma que os PMs fazem
um tipo de concorrência desleal
nas ruas, já que cobram menos
que as firmas regulares de proteção de propriedades. "É um fenômeno novo", afirma.
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