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Rio lança guia de bens preservados, mas omite degradação dos locais
SERGIO TORRES
DA SUCURSAL DO RIO
Recém-editado pelo governo
estadual, o álbum "Patrimônio
Cultural-Guia dos Bens Tombados pelo Estado do Rio de Janeiro
1965-2005" omite informações a
respeito do atual estado de imóveis, espaços públicos, recantos
naturais e relíquias que deveriam
estar preservadas.
Entre os bens tombados pelas
administrações fluminenses nos
últimos 40 anos estão áreas em
processo de devastação, como as
dunas de Cabo Frio (a 155 km do
Rio, na região dos lagos); prédios
em péssimo estado de conservação, como o da Polícia Federal, no
centro do Rio; e áreas verdes
ameaçadas pela favelização, como
o morro Dois Irmãos e o parque
da Cidade (zona sul).
O álbum será lançado hoje na
Casa França-Brasil (rua Visconde
de Itaboraí, 78, centro), às 19h.
Em capa dura que destaca a
quase tricentenária capela de
Nossa Senhora da Conceição, em
Guapimirim (município a 85 km
do Rio), o livro traz fotos coloridas e textos explicativos sobre cada bem tombado.
Na apresentação da obra, a governadora Rosinha Matheus
(PMDB) enaltece "o papel fundamental exercido pelo governo fluminense na preservação de bens
que fazem parte da memória de
todos os brasileiros". Ela cita como importantes no "esforço para
garantir a preservação das feições
originais de determinado lugar" o
tombamento da praia de Grumari
(zona oeste carioca), "a única do
Rio de Janeiro livre de construções", e dos "costões, formações
geológicas únicas" de Armação
dos Búzios (a 190 km do Rio).
A apresentação da governadora
não aborda as precárias condições de parte dos bens. O assunto
também não é citado ao longo das
122 páginas. Em seu texto sobre o
Inepac, o secretário estadual de
Cultura, Arnaldo Niskier, não faz
referências ao tema.
O diretor-geral do Inepac (Instituto Estadual do Patrimônio Cultural), Marcus Monteiro, disse à
Folha que foi deliberada a omissão das informações a respeito do
estado dos bens tombados.
De acordo com Monteiro, se
trouxesse informações sobre os
bens sob tombamento em má
conservação, o álbum ficaria desatualizado em caso de restauração. Da mesma forma, disse, o livro terá informações defasadas
caso um dos bens, em boas condições na atualidade, venha a ser depredado no futuro.
Como exemplo do que chama
de "dinâmica da rotina do Inepac", Monteiro conta que, depois
de a publicação ter ido para o prelo, mais dois bens foram tombados pelo governo estadual: um
galpão na Urca (zona sul do Rio) e
um sobrado que veio a dar origem
ao município de Nilópolis (Baixada Fluminense).
Inicialmente, o guia de bens não
será vendido. A distribuição vai
ser gratuita para bibliotecas e escolas da rede estadual de ensino.
Somente se houver uma segunda
tiragem é que poderá haver a venda do álbum, de acordo com a Secretaria Estadual de Cultura.
Na lista de bens tombados, há
prédios, monumentos, obras de
artes plásticas, formações rochosas, trechos de litoral, serras, praças e até a sede de um clube de futebol, o Fluminense, no bairro das
Laranjeiras (zona sul).
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