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PROMESSA PERDIDA
Avaliação é da rede de 30 entidades ligadas ao setor e encabeçada pela fundação, que completa 15 anos
Lula não atinge metas da infância, diz Abrinq
FABIANE LEITE
DA REPORTAGEM LOCAL
O governo Luiz Inácio Lula da
Silva (PT) não conseguiu cumprir
suas promessas para a área da
criança e do adolescente, afirma o
advogado Rubens Naves, presidente da Fundação Abrinq, entidade que completa 15 anos de
atuação no setor em 2005.
A fundação encabeça hoje uma
rede de monitoramento composta por 30 entidades que acompanham o Plano Presidente Amigo
da Criança -um conjunto de
ações anunciado por Lula em
2003, seu primeiro ano de governo, para cumprir as Metas do Milênio no campo da infância e da
adolescência, definidas pela ONU
para serem atingidas até 2015.
Das 21 metas do período 2004 a
2007, 8 são mensuráveis e apenas
3 serão cumpridas, de acordo
com a avaliação feita pela rede a
partir de relatórios do governo referentes ao ano passado.
A redução da mortalidade materna, a eliminação de disparidades no rendimento de meninas e
meninos no ensino primário e secundário, a melhoria da qualidade do ensino de matemática, leitura e escrita e o aumento do índice de alfabetização de adultos são
algumas das metas que o governo
não deverá cumprir.
Lula havia se comprometido
com as metas ainda durante a
campanha eleitoral, quando a
Abrinq levou a proposta de um
plano aos então candidatos.
"O que estamos sentindo é uma
ausência de maior diálogo com o
governo federal. Em portarias, o
governo comprometeu-se a entregar ao Conselho Nacional de
Direitos da Criança e do Adolescente [Conanda], a cada seis meses, um relatório [o que não ocorreu]. Aí haveria diálogo, sugestões
e uma possibilidade de a sociedade civil se articular. Eu, pessoalmente, já pedi diversas vezes audiência com o presidente", afirmou Naves à Folha.
Desde quinta-feira passada a reportagem tenta obter explicações
do Palácio do Planalto, mas os pedidos não foram atendidos.
Já em 2004, a rede alertava sobre
o fato de os recursos destinados
por Lula ao plano, R$ 56 bilhões,
serem insuficientes para o cumprimento das metas em áreas como educação infantil, ensino fundamental e médio, atendimento
pré-natal e pós parto, vacinação
contra doenças, prevenção e terapia contra o HIV e saneamento.
"Houve também um compromisso em não contingenciar os
recursos na área da criança e do
adolescente, e hoje, ironicamente,
no próprio Conanda há R$ 11 milhões contingenciados", disse Naves. "Poderemos chegar em um
momento em que haverá cobrança judicial para o cumprimento
de políticas públicas", concluiu.
De acordo com a fundação, na
maior parte da áreas em que não
há metas mensuráveis há fragmentação de informações e monitoramento deficiente.
Outra preocupação da rede é a
falta de ações do governo para
buscar a eqüidade na execução
das políticas. Segundo Naves, vai
ser cumprida a meta de reduzir
em um terço a mortalidade infantil, mas o problema é que, em alguns Estados, os valores ainda estão acima da média nacional.
Também serão cumpridas as
meta de reduzir o número de lares
sem saneamento e água potável e
aumentar o número de matrículas nas escolas.
Nos 15 anos de atuação da fundação, Naves vê como ponto positivo a formação de uma consciência sobre os direitos das crianças e
dos adolescentes.
A Abrinq também premia boas
iniciativas no setor e desenvolve
projetos nas áreas de educação e
inclusão digital. "Mas, o que a
gente vê é que a situação da criança e do adolescente ainda é trágica. Só uma ação de Estado muito
forte mudará essa realidade."
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