São Paulo, sexta-feira, 26 de outubro de 2007

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Helicóptero resgata coração no trânsito

Agricultor aguardava pela cirurgia no Incor, na zona oeste de São Paulo; órgão compatível vinha de Campinas, a 95 km

Tempo entre captação e realização da operação cardíaca é de quatro horas; paciente estava na UTI e dependia de aparelhos

DA REPORTAGEM LOCAL

O agricultor da pequena cidade de Fartura (357 km de São Paulo) Roberto Antonio Garcia, 63, quase perdeu o coração que recebeu ontem em um transplante. O veículo que trazia o órgão vinha de Campinas (95 km de SP) e ficou preso em um congestionamento no final da rodovia dos Bandeirantes.
A cirurgia só foi possível porque um helicóptero da polícia civil resgatou o coração e conduziu-o ao Incor (Instituto do Coração do Hospital das Clínicas da Faculdade de Medicina da USP), na zona oeste de São Paulo, onde Garcia já esperava na sala de cirurgia.
O agricultor aguardava um coração compatível desde as 6h de ontem, quando seu diagnóstico, de insuficiência cardíaca congestiva, tornou urgente a necessidade de realizar um transplante.
O órgão havia sido removido horas antes e era trazido de Campinas pelo médico Ronaldo Norato, do Incor, que encontrara um doador compatível na Unicamp.
Mas, ao chegar às cercanias de São Paulo, o novo coração de Garcia se deparou com o tráfego das marginais, e crescia o risco de perda do transplante. Se o traslado levasse tempo, o órgão não poderia ser aproveitado. Segundo médicos do Incor, o tempo ideal para o transplante de coração é de até quatro horas depois da captação.
Depois de um chamado de emergência, o helicóptero Pelicano, da Polícia Civil, pousou por volta das 9h num heliponto do km 24 da Bandeirantes para resgatar médico e coração, que chegaram oito minutos depois ao Hospital das Clínicas. E a cirurgia do agricultor começou, a tempo, às 10h30.
"O médico me ligou e falou do problema. Imediatamente levantamos vôo", afirma o delegado Roberto Bayerlein, supervisor do SAT (Serviço Aéreo Tático) da polícia.
"Não fosse esse apoio teríamos perdido coração e paciente", diz o médico Norato. O doador era um homem de 29 anos, e a cirurgia levou oito horas.
Segundo Rodrigo Garcia, filho do paciente, o drama do pai começou há dez anos, depois de um infarto.
"No último ano, a situação piorou bastante, e ele precisou de internações repetidas. Há seis meses estava internado direto, sem poder nem se levantar", diz o filho. O agricultor estava na UTI e precisava de medicamentos e aparelhos para continuar vivo.
Parentes de Garcia fundaram uma ONG, batizada de "Salve o Coração". A organização trabalha para divulgar a doação de órgãos no Brasil.


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