|
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice
Helicóptero resgata coração no trânsito
Agricultor aguardava pela cirurgia no Incor, na zona oeste de São Paulo; órgão compatível vinha de Campinas, a 95 km
Tempo entre captação e realização da operação cardíaca é de quatro horas; paciente estava na UTI e dependia de aparelhos
DA REPORTAGEM LOCAL
O agricultor da pequena cidade de Fartura (357 km de São
Paulo) Roberto Antonio Garcia, 63, quase perdeu o coração
que recebeu ontem em um
transplante. O veículo que trazia o órgão vinha de Campinas
(95 km de SP) e ficou preso em
um congestionamento no final
da rodovia dos Bandeirantes.
A cirurgia só foi possível porque um helicóptero da polícia
civil resgatou o coração e conduziu-o ao Incor (Instituto do
Coração do Hospital das Clínicas da Faculdade de Medicina
da USP), na zona oeste de São
Paulo, onde Garcia já esperava
na sala de cirurgia.
O agricultor aguardava um
coração compatível desde as 6h
de ontem, quando seu diagnóstico, de insuficiência cardíaca
congestiva, tornou urgente a
necessidade de realizar um
transplante.
O órgão havia sido removido
horas antes e era trazido de
Campinas pelo médico Ronaldo Norato, do Incor, que encontrara um doador compatível na Unicamp.
Mas, ao chegar às cercanias
de São Paulo, o novo coração de
Garcia se deparou com o tráfego das marginais, e crescia o risco de perda do transplante. Se o
traslado levasse tempo, o órgão
não poderia ser aproveitado.
Segundo médicos do Incor, o
tempo ideal para o transplante
de coração é de até quatro horas depois da captação.
Depois de um chamado de
emergência, o helicóptero Pelicano, da Polícia Civil, pousou
por volta das 9h num heliponto
do km 24 da Bandeirantes para
resgatar médico e coração, que
chegaram oito minutos depois
ao Hospital das Clínicas. E a cirurgia do agricultor começou, a
tempo, às 10h30.
"O médico me ligou e falou
do problema. Imediatamente
levantamos vôo", afirma o delegado Roberto Bayerlein, supervisor do SAT (Serviço Aéreo
Tático) da polícia.
"Não fosse esse apoio teríamos perdido coração e paciente", diz o médico Norato. O doador era um homem de 29 anos,
e a cirurgia levou oito horas.
Segundo Rodrigo Garcia, filho do paciente, o drama do pai
começou há dez anos, depois de
um infarto.
"No último ano, a situação
piorou bastante, e ele precisou
de internações repetidas. Há
seis meses estava internado direto, sem poder nem se levantar", diz o filho. O agricultor estava na UTI e precisava de medicamentos e aparelhos para
continuar vivo.
Parentes de Garcia fundaram
uma ONG, batizada de "Salve o
Coração". A organização trabalha para divulgar a doação de
órgãos no Brasil.
Texto Anterior: Crise aérea: Rádio pirata levou Congonhas a fechar, diz FAB Próximo Texto: Sem verba, Cebrap fecha curso tradicional Índice
|