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Sem verba, Cebrap fecha curso tradicional
Fim do financiamento força Centro Brasileiro de Análise e Planejamento a fechar Programa de Formação de Quadros Profissionais
Financiadora das bolsas do programa desde 1989, Capes, ligada ao Ministério da Educação, não renovou acordo para o ano que vem
UIRÁ MACHADO
COORDENAÇÃO DE ARTIGOS E EVENTOS
Por falta de financiamento, o
Cebrap (Centro Brasileiro de
Análise e Planejamento) precisará encerrar seu mais tradicional curso, o Programa de Formação de Quadros Profissionais, criado em 1986.
A Capes (Coordenação de
Aperfeiçoamento de Pessoal de
Nível Superior), do Ministério
da Educação, financiadora das
bolsas do programa desde 1989,
não renovou o acordo para o
ano que vem.
Por meio de sua assessoria de
imprensa, a Capes diz que o
contrato termina em fevereiro
de 2008 e que esse curso do Cebrap não se enquadra nos seus
programas. Afirma ainda que a
análise de situações como essa
será feita só em janeiro.
Na prática, porém, sem a renovação do contrato ainda neste ano, o Cebrap não pode abrir
edital para selecionar novos
bolsistas. Tampouco pode garantir a permanência dos
atuais estudantes em 2008.
Anualmente, o Cebrap vinha
abrigando nesse programa quatro novos pesquisadores. As
bolsas concedidas atualmente
eram de pós-doutorado -cerca
de R$ 3.000-, por dois anos.
Desde seu início, passaram
pelo curso nomes como Ronaldo Porto Macedo Jr., Sérgio
Fausto, Amaury Bier, Leda
Paulani, Esther Hamburguer,
Marcos Antonio M. Cintra e
Pedro Puntoni, entre outros.
Tradicional reduto de intelectuais tucanos, o Cebrap foi
fundado em 1969 por um grupo
de professores universitários,
entre os quais estava o hoje ex-presidente Fernando Henrique
Cardoso. Ao longo da ditadura
militar, seus programas ficaram a salvo de interferências.
O programa de formação de
quadros, que surgiu após o fim
da ditadura, não havia enfrentado problemas de renovação
de contrato com a Capes até
2005, em meio ao primeiro
mandato do presidente Luiz
Inácio Lula da Silva, do PT.
O atual convênio -firmado
em 2002 e aditado no começo
de 2004- definia que as bolsas,
que antes eram para estudantes de mestrado ou doutorado,
passaria a ser para recém-doutores; e estabelecia prazo de vigência até o começo de 2008.
Em outubro de 2005, porém,
o coordenador do curso, José
Arthur Giannotti, professor
emérito de filosofia da USP, recebeu um ofício da Capes. O órgão anunciava a extinção do
programa em dezembro daquele ano. A causa: "indisponibilidade orçamentária" da agência.
Giannotti contornou a situação negociando a observação
da vigência do convênio. "O que
se espera agora é que o programa seja avaliado para poder ser
interrompido ou prosseguir de
acordo com seus méritos ou deméritos. Não queremos ficar
enviesados", diz.
A Folha enviou ao presidente da Capes, Jorge Almeida
Guimarães, sete questões sobre o assunto. Queria entender
por que um curso que não se
enquadra nos programas da
entidade foi financiado por
tanto tempo e por que seria extinto só agora. Esperou mais de
um mês, fez cobranças semanais, mas não obteve resposta
da presidência do órgão.
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