São Paulo, domingo, 26 de novembro de 2000

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SAÚDE

Intensifique cuidados com sol até os 18

MARIANA VIVEIROS
DA REPORTAGEM LOCAL

Dos 8 aos 18 anos, as pessoas estão sujeitas a 80% da exposição solar que sofrerão em toda a vida. Os maiores cuidados contra os efeitos nocivos do sol devem acontecer, portanto, nessa fase, quando se costuma praticar mais atividades ao ar livre e sem nenhum tipo de proteção.
Todos devem se cuidar, mas, a partir de uma certa idade, a prevenção dá lugar à tentativa de atenuação dos efeitos acumulados, afirmam dermatologistas.
A proteção efetiva esbarra, entretanto, em questões e costumes errados que precisam ser esclarecidos e modificados. O protetor solar é o campeão de dúvidas.
"Não basta usar o produto. Isso tem de ser feito de forma correta", diz a médica Ediléia Bagatin, professora do Departamento de Dermatologia da Unifesp (Universidade Federal de São Paulo).
Passar protetor somente ao chegar na praia ou piscina é um dos maus hábitos comuns e significa tomar sol de forma desprotegida.
"O fotoprotetor deve ser aplicado de 20 a 30 minutos antes da exposição porque esse é o tempo que ele leva para penetrar na pele e reagir com as células, efetivando a proteção", explica Hamilton Ometto Stolf, chefe do Departamento de Dermatologia da Unesp (Universidade Estadual de São Paulo) de Botucatu.

FPS
O fator de proteção solar (FPS) ideal é uma dos principais problemas na hora de escolher o protetor. "Proteção menor que FPS 15 é bobagem, mesmo para pessoas morenas", diz Ediléia.
Segundo a dermatologista, a opção por fatores de proteção mais elevados -eles vão até o FPS 60 no Brasil- é válida quando se pensa em efeitos a longo prazo.
"Se o objetivo é evitar vermelhidão num fim-de-semana, não há ganho real. Mas, para prevenir o fotoenvelhecimento e lesões cancerosas futuras, vale a pena."
Crianças acima de 6 meses de idade devem usar produtos específicos, que contêm dióxido de titânio, um bloqueio físico que não deixa a radiação solar passar. Abaixo dessa faixa etária, o uso de protetor não é recomendado.
"Bebês não devem se expor ao sol. Se isso acontecer, é imperativo respeitar o horário impróprio -das 10h às 15h- e garantir que eles fiquem na sombra, vestidos e com uma touca", diz Stolf.
Chapéu, óculos escuros, camisetas e guarda-sol são aliados contra os efeitos nocivos da radiação solar, principalmente para os mais brancos. "O protetor não deve ser visto como uma armadura, que permite cometer exageros", alerta Rogério Izar Neves, chefe do Departamento de Oncologia Cutânea do Hospital do Câncer de São Paulo.

Riscos
Os prejuízos do sol são causados pelos raios ultravioleta UVA e UVB. O UVA corresponde a 95% da radiação ultravioleta e é constante durante o dia. Ele atinge camadas mais profundas da pele, provocando o bronzeamento, mas também acelera o surgimento de rugas e está relacionado à ocorrência de melanomas (tipo mais letal de câncer da pele).
O UVB (5% da radiação) varia durante o dia, sendo mais intenso entre as 9h e as 14h (10h e 15h no horário de verão). Como atinge mais a superfície da pele, ele é responsável por queimaduras, alergias e está associado ao câncer.
Os perigos são maiores para quem faz parte do grupo de risco: louros ou ruivos, de olhos claros e pele muito branca, com sardas ou pintas, que tenham casos de câncer da pele na família e já tenham sofrido queimaduras solares.
Tomar sol tem, porém, vários benefícios. A radiação ultravioleta é responsável, por exemplo, pela produção de vitamina D no organismo, cuja deficiência causa, entre outros, o raquitismo. Os raios UV têm ainda efeitos terapêuticos contra a osteoporose e vitiligo. "O sol não é o vilão da história, mas tem de haver moderação", diz o dermatologista Roberto Cressoni.


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