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SAÚDE
Intensifique cuidados com sol até os 18
MARIANA VIVEIROS
DA REPORTAGEM LOCAL
Dos 8 aos 18 anos, as pessoas estão sujeitas a 80% da exposição
solar que sofrerão em toda a vida.
Os maiores cuidados contra os
efeitos nocivos do sol devem
acontecer, portanto, nessa fase,
quando se costuma praticar mais
atividades ao ar livre e sem nenhum tipo de proteção.
Todos devem se cuidar, mas, a
partir de uma certa idade, a prevenção dá lugar à tentativa de atenuação dos efeitos acumulados,
afirmam dermatologistas.
A proteção efetiva esbarra, entretanto, em questões e costumes
errados que precisam ser esclarecidos e modificados. O protetor
solar é o campeão de dúvidas.
"Não basta usar o produto. Isso
tem de ser feito de forma correta",
diz a médica Ediléia Bagatin, professora do Departamento de Dermatologia da Unifesp (Universidade Federal de São Paulo).
Passar protetor somente ao chegar na praia ou piscina é um dos
maus hábitos comuns e significa
tomar sol de forma desprotegida.
"O fotoprotetor deve ser aplicado de 20 a 30 minutos antes da exposição porque esse é o tempo
que ele leva para penetrar na pele
e reagir com as células, efetivando
a proteção", explica Hamilton
Ometto Stolf, chefe do Departamento de Dermatologia da Unesp
(Universidade Estadual de São
Paulo) de Botucatu.
FPS
O fator de proteção solar (FPS)
ideal é uma dos principais problemas na hora de escolher o protetor. "Proteção menor que FPS 15 é
bobagem, mesmo para pessoas
morenas", diz Ediléia.
Segundo a dermatologista, a opção por fatores de proteção mais
elevados -eles vão até o FPS 60
no Brasil- é válida quando se
pensa em efeitos a longo prazo.
"Se o objetivo é evitar vermelhidão num fim-de-semana, não há
ganho real. Mas, para prevenir o
fotoenvelhecimento e lesões cancerosas futuras, vale a pena."
Crianças acima de 6 meses de
idade devem usar produtos específicos, que contêm dióxido de titânio, um bloqueio físico que não
deixa a radiação solar passar.
Abaixo dessa faixa etária, o uso de
protetor não é recomendado.
"Bebês não devem se expor ao
sol. Se isso acontecer, é imperativo respeitar o horário impróprio
-das 10h às 15h- e garantir que
eles fiquem na sombra, vestidos e
com uma touca", diz Stolf.
Chapéu, óculos escuros, camisetas e guarda-sol são aliados contra os efeitos nocivos da radiação
solar, principalmente para os
mais brancos. "O protetor não deve ser visto como uma armadura,
que permite cometer exageros",
alerta Rogério Izar Neves, chefe
do Departamento de Oncologia
Cutânea do Hospital do Câncer
de São Paulo.
Riscos
Os prejuízos do sol são causados
pelos raios ultravioleta UVA e
UVB. O UVA corresponde a 95%
da radiação ultravioleta e é constante durante o dia. Ele atinge camadas mais profundas da pele,
provocando o bronzeamento,
mas também acelera o surgimento de rugas e está relacionado à
ocorrência de melanomas (tipo
mais letal de câncer da pele).
O UVB (5% da radiação) varia
durante o dia, sendo mais intenso
entre as 9h e as 14h (10h e 15h no
horário de verão). Como atinge
mais a superfície da pele, ele é responsável por queimaduras, alergias e está associado ao câncer.
Os perigos são maiores para
quem faz parte do grupo de risco:
louros ou ruivos, de olhos claros e
pele muito branca, com sardas ou
pintas, que tenham casos de câncer da pele na família e já tenham
sofrido queimaduras solares.
Tomar sol tem, porém, vários
benefícios. A radiação ultravioleta
é responsável, por exemplo, pela
produção de vitamina D no organismo, cuja deficiência causa, entre outros, o raquitismo. Os raios
UV têm ainda efeitos terapêuticos
contra a osteoporose e vitiligo. "O
sol não é o vilão da história, mas
tem de haver moderação", diz o
dermatologista Roberto Cressoni.
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