São Paulo, domingo, 26 de novembro de 2000

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Ministro anunciará medidas para recuperação

DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

Na próxima quarta-feira, o ministro da Educação, Paulo Renato Souza, irá anunciar projetos do governo federal para ajudar Estados e municípios a melhorar a qualidade da educação no país. As medidas deverão ser, basicamente, de formação de professor.
Isso porque uma das conclusões do MEC e dos secretários estaduais que receberam as notas do Saeb é que os professores não são bem formados e não estão preparados para lidar com os alunos que entram na escola.
"O professor não está preparado para lidar com um perfil tão heterogêneo de alunos", disse Maria Helena Castro, presidente do Inep. "Só que temos que manter esses estudantes no sistema."
Segundo ela, o ministro ficou impressionado com os números, e deve propor uma série de parcerias com Estado e municípios.
Se depender da opinião dos diretores das escolas, no entanto, a formação dos professores não é o único problema. De acordo com um levantamento feito também no Saeb, a que a Folha teve acesso com exclusividade, o maior problema é a falta de recursos.
Entre os diretores das escolas da 4ª série, 68,5% reclamaram de não terem recursos suficientes em algum momento do ano (50,3% disseram que o problema não foi grave, mas existiu).
Nas escolas onde foi feita a prova de 8ª série, 74,9% dos diretores reclamaram da falta de dinheiro. Nas que tinham 3º ano, o problema foi citado por 75,6%. No total, entrevistaram 6.200 diretores.
Outro problema que aparece com frequência é a falta de material pedagógico. A queixa é maior entre os diretores de escolas de ensino médio. Cerca de 50% dos professores reclamaram da ausência de material. Também nas escolas de ensino médio, a falta de professores, coordenadores e psicopedagogos foi citada por mais de 40% dos diretores.
Para Carlos Abicalil, da Confederação Nacional dos Trabalhadores em Educação, os problemas apontados são, junto com a desvalorização do profissional, as principais causas das médias baixas que apareceram no Saeb. "Há problemas estruturais graves que ainda não foram resolvidos."
"Além disso, as matrículas aumentaram numa proporção muito maior que o aporte de recursos", afirmou Abicalil.
Maria Helena, no entanto, afirma que o governo federal já fez muito nessas áreas. "Hoje temos o programa Dinheiro Direto na Escola em 75 mil unidades."
O programa repassa recursos para Associações de Pais e Mestres a serem usados na aquisição de material, pequenas reformas ou outras necessidades da escola. Lembra ainda os programas do livro didático -que ainda não chega ao ensino médio - e a informatização das escolas, que está no começo. "O sistema só não piorou muito porque fizemos tudo isso."


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