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Ministro anunciará medidas para recuperação
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
Na próxima quarta-feira, o ministro da Educação, Paulo Renato
Souza, irá anunciar projetos do
governo federal para ajudar Estados e municípios a melhorar a
qualidade da educação no país. As
medidas deverão ser, basicamente, de formação de professor.
Isso porque uma das conclusões
do MEC e dos secretários estaduais que receberam as notas do
Saeb é que os professores não são
bem formados e não estão preparados para lidar com os alunos
que entram na escola.
"O professor não está preparado para lidar com um perfil tão
heterogêneo de alunos", disse
Maria Helena Castro, presidente
do Inep. "Só que temos que manter esses estudantes no sistema."
Segundo ela, o ministro ficou
impressionado com os números,
e deve propor uma série de parcerias com Estado e municípios.
Se depender da opinião dos diretores das escolas, no entanto, a
formação dos professores não é o
único problema. De acordo com
um levantamento feito também
no Saeb, a que a Folha teve acesso
com exclusividade, o maior problema é a falta de recursos.
Entre os diretores das escolas da
4ª série, 68,5% reclamaram de não
terem recursos suficientes em algum momento do ano (50,3%
disseram que o problema não foi
grave, mas existiu).
Nas escolas onde foi feita a prova de 8ª série, 74,9% dos diretores
reclamaram da falta de dinheiro.
Nas que tinham 3º ano, o problema foi citado por 75,6%. No total,
entrevistaram 6.200 diretores.
Outro problema que aparece
com frequência é a falta de material pedagógico. A queixa é maior
entre os diretores de escolas de
ensino médio. Cerca de 50% dos
professores reclamaram da ausência de material. Também nas
escolas de ensino médio, a falta de
professores, coordenadores e psicopedagogos foi citada por mais
de 40% dos diretores.
Para Carlos Abicalil, da Confederação Nacional dos Trabalhadores em Educação, os problemas
apontados são, junto com a desvalorização do profissional, as
principais causas das médias baixas que apareceram no Saeb. "Há
problemas estruturais graves que
ainda não foram resolvidos."
"Além disso, as matrículas aumentaram numa proporção muito maior que o aporte de recursos", afirmou Abicalil.
Maria Helena, no entanto, afirma que o governo federal já fez
muito nessas áreas. "Hoje temos o
programa Dinheiro Direto na Escola em 75 mil unidades."
O programa repassa recursos
para Associações de Pais e Mestres a serem usados na aquisição
de material, pequenas reformas
ou outras necessidades da escola.
Lembra ainda os programas do livro didático -que ainda não chega ao ensino médio - e a informatização das escolas, que está no
começo. "O sistema só não piorou
muito porque fizemos tudo isso."
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