São Paulo, terça-feira, 26 de novembro de 2002

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TRANSPORTE

Cerca de 100 mil paulistanos ficaram sem ônibus, seis vias foram bloqueadas, e houve reflexos até na zona sul

Protesto de motoristas pára centro de SP

DA REPORTAGEM LOCAL

Uma manifestação de cerca de 800 motoristas de ônibus e cobradores em greve parou o trânsito ontem no centro de São Paulo. Eles pertencem à empresa Expresso Paulistano, e protestam há cinco dias consecutivos. Ontem, os reflexos foram sentidos em outras regiões da capital, como a avenida 23 de Maio (zona sul).
Até as 21h, por volta de 240 ônibus estacionados, muitos deles com os pneus furados, ainda interditavam parte da avenida São Luís e toda a extensão dos viadutos 9 de Julho e Jacareí. Ao todo, cerca de 300 ônibus foram usados na manifestação.
Ao longo do dia, seis vias foram bloqueadas, e a CET (Companhia de Engenharia de Tráfego) colocou 30 marronzinhos a mais no centro para orientar os motoristas sobre os desvios e mudanças de mão. O normal é haver seis marronzinhos nos horários de pico.
Além de deixar cerca de 100 mil pessoas sem transporte público -principalmente na zona leste-, a greve afetou o terminal do Parque Dom Pedro (no centro), por onde passam diariamente 162 mil pessoas. Por volta das 15h50, pouco antes da posse do novo secretário dos Transportes, Jilmar Tatto, os manifestantes fecharam o terminal, que reabriu às 19h.
Na parte da manhã, a CET (Companhia de Engenharia de Tráfego) registrou um pico de 85 km de vias congestionadas, às 8h30. O índice foi acima do normal -na segunda-feira passada, por exemplo, foram registrados 72 km de congestionamento.
"Pode até não parecer muito mais que o comum, mas o problema é que foi tudo concentrado", afirmou Dawton Gaia, coordenador da CET para o centro da cidade. Ele disse nunca ter visto caos como o de ontem na região. "Já enfrentei muito protesto de perueiros e motoristas, mas eles sempre tiveram o bom senso de deixar pelo menos uma pista livre para a movimentação de carros."
A lentidão do trânsito fez com que o advogado do sindicato dos condutores chegasse com uma hora de atraso à audiência de conciliação, marcada para as 16h, na sede do Tribunal Regional do Trabalho, na rua da Consolação.

13º salário
Desde a última quinta-feira, os funcionários da Expresso Paulistano pararam todos os 328 ônibus das 40 linhas da companhia -3,3% da frota. Eles protestam contra o atraso do adiantamento, previsto para o dia 20, e a possibilidade de não receberem a primeira parcela do 13º salário.
AFolha contatou a Expresso Paulistano no fim da tarde, mas foi informada de que nenhum diretor responsável estava presente. O empresário Leonardo Capuano, que seria um dos sócios, não aparece na sede da empresa há mais de três semanas. A reportagem deixou recado na casa do sócio dele Ludwig Ammon Jr., mas não teve resposta até as 21h.
Os manifestantes sustentam que não vão retirar os ônibus parados até que a prefeitura decida fazer uma intervenção na Expresso Paulistano. A posição de Tatto é a de não intervir, mas o secretário se reúne hoje de manhã com representantes do sindicato. Dependendo do resultado do encontro, a paralisação pode acabar.
A greve foi julgada não-abusiva pelo TRT, que determinou a indisponibilidade dos bens dos sócios da Expresso Paulistano até que as dívidas trabalhistas sejam pagas. A empresa pode recorrer.
Desde o início da paralisação, 91 ônibus foram danificados pelos grevistas, segundo a prefeitura.


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