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TRANSPORTE
Cerca de 100 mil paulistanos ficaram sem ônibus, seis vias foram bloqueadas, e houve reflexos até na zona sul
Protesto de motoristas pára centro de SP
DA REPORTAGEM LOCAL
Uma manifestação de cerca de
800 motoristas de ônibus e cobradores em greve parou o trânsito
ontem no centro de São Paulo.
Eles pertencem à empresa Expresso Paulistano, e protestam há
cinco dias consecutivos. Ontem,
os reflexos foram sentidos em outras regiões da capital, como a
avenida 23 de Maio (zona sul).
Até as 21h, por volta de 240 ônibus estacionados, muitos deles
com os pneus furados, ainda interditavam parte da avenida São
Luís e toda a extensão dos viadutos 9 de Julho e Jacareí. Ao todo,
cerca de 300 ônibus foram usados
na manifestação.
Ao longo do dia, seis vias foram
bloqueadas, e a CET (Companhia
de Engenharia de Tráfego) colocou 30 marronzinhos a mais no
centro para orientar os motoristas
sobre os desvios e mudanças de
mão. O normal é haver seis marronzinhos nos horários de pico.
Além de deixar cerca de 100 mil
pessoas sem transporte público
-principalmente na zona leste-, a greve afetou o terminal do
Parque Dom Pedro (no centro),
por onde passam diariamente 162
mil pessoas. Por volta das 15h50,
pouco antes da posse do novo secretário dos Transportes, Jilmar
Tatto, os manifestantes fecharam
o terminal, que reabriu às 19h.
Na parte da manhã, a CET
(Companhia de Engenharia de
Tráfego) registrou um pico de 85
km de vias congestionadas, às
8h30. O índice foi acima do normal -na segunda-feira passada,
por exemplo, foram registrados
72 km de congestionamento.
"Pode até não parecer muito
mais que o comum, mas o problema é que foi tudo concentrado",
afirmou Dawton Gaia, coordenador da CET para o centro da cidade. Ele disse nunca ter visto caos
como o de ontem na região. "Já
enfrentei muito protesto de perueiros e motoristas, mas eles
sempre tiveram o bom senso de
deixar pelo menos uma pista livre
para a movimentação de carros."
A lentidão do trânsito fez com
que o advogado do sindicato dos
condutores chegasse com uma
hora de atraso à audiência de conciliação, marcada para as 16h, na
sede do Tribunal Regional do
Trabalho, na rua da Consolação.
13º salário
Desde a última quinta-feira, os
funcionários da Expresso Paulistano pararam todos os 328 ônibus
das 40 linhas da companhia
-3,3% da frota. Eles protestam
contra o atraso do adiantamento,
previsto para o dia 20, e a possibilidade de não receberem a primeira parcela do 13º salário.
AFolha contatou a Expresso
Paulistano no fim da tarde, mas
foi informada de que nenhum diretor responsável estava presente.
O empresário Leonardo Capuano, que seria um dos sócios, não
aparece na sede da empresa há
mais de três semanas. A reportagem deixou recado na casa do sócio dele Ludwig Ammon Jr., mas
não teve resposta até as 21h.
Os manifestantes sustentam
que não vão retirar os ônibus parados até que a prefeitura decida
fazer uma intervenção na Expresso Paulistano. A posição de Tatto
é a de não intervir, mas o secretário se reúne hoje de manhã com
representantes do sindicato. Dependendo do resultado do encontro, a paralisação pode acabar.
A greve foi julgada não-abusiva
pelo TRT, que determinou a indisponibilidade dos bens dos sócios da Expresso Paulistano até
que as dívidas trabalhistas sejam
pagas. A empresa pode recorrer.
Desde o início da paralisação, 91
ônibus foram danificados pelos
grevistas, segundo a prefeitura.
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