São Paulo, terça-feira, 26 de novembro de 2002

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VIOLÊNCIA

Gustavo Napolitano, que matou a avó e a empregada, afirmou à polícia que a mãe só não foi morta porque tinha saído

Estudante diz que alvo era toda a família

DA REPORTAGEM LOCAL

O estudante Gustavo de Macedo Pereira Napolitano, 22, entrou em casa na noite de sábado pensando em matar a família e se suicidar, de acordo com depoimento dele à polícia. Napolitano realizou parte do plano, matando a avó, Vera Kuhm de Macedo Pereira, 73, e a empregada da casa, Cleide Ferreira da Silva, 20. A mãe do estudante, a comerciante Vera de Macedo Pereira, 49, só não teria sido morta por ter dormido fora.
Segundo a polícia, Napolitano é usuário de cocaína há seis ou sete anos e esteve em tratamento. Na madrugada dos crimes, teria consumido grande quantidade de cocaína, segundo o delegado Luiz Antônio Pinheiro, do Grupo de Operações Especiais (GOE). Pela manhã, ainda teria ingerido sete comprimidos de antidepressivo.
Napolitano teve um rápido encontro com a mãe após ser detido, no domingo. Segundo o delegado do 27º DP (Campo Belo), Enjolras Rello de Araújo, a mãe, abalada, chorou e "quase não deu atenção a ele [Napolitano]".
O advogado de Napolitano, Eduardo Cesar Leite, disse que conversou rapidamente com o rapaz ontem e que ainda faria uma avaliação do caso antes de confirmar os argumentos da defesa.
Ainda em crise de abstinência, Napolitano chorou muito ao ser apresentado à imprensa ontem.
A noite violenta de Napolitano começou logo após a meia-noite de sábado, quando ele saiu de casa, situada no bairro de classe média Planalto Paulista, com aparelhos de televisão e de som para trocá-los por seis papelotes de cocaína na favela da rua Mauro, no Jabaquara. De volta à residência, consumiu a droga, foi à cozinha, pegou uma faca e matou a avó com golpes no pescoço e no peito.
A morte da empregada ocorreu de manhã. O rapaz passou a madrugada em seu quarto até que, às 6h, saiu em busca de mais droga. Trocou seu Gol por 55 papelotes de cocaína e consumia a droga quando ouviu barulho da empregada no andar inferior. Com a mesma faca que havia matado a avó, o estudante desceu até a cozinha e matou Cleide pelas costas.
Ele ainda voltou à favela para tentar trocar o carro da família, um Vectra, por uma arma. Ninguém aceitou a troca.
Vera, advogada aposentada, foi enterrada ontem no cemitério do Morumby (zona sul). O corpo de Cleide foi transladado para a cidade mineira de Minas Novas.
Napolitano é neto de Murillo de Macedo Pereira, delegado e estudioso de questões relacionadas ao uso de drogas à segurança pública. Ele foi citado no "agradecimento muito especial" de um dos trabalhos do avô por ter digitado o texto no computador e por seu trabalho "incansável" contatando instituições e outros pesquisadores por meio da internet.

Violência
O presidente do Tribunal de Justiça de São Paulo, Sérgio Augusto Nigro Conceição, anunciou ontem -Dia Internacional de Combate à Violência contra a Mulher- a criação de um "Juizado de Família" no Fórum da Barra Funda até fevereiro de 2003. O juizado julgará crimes de pequeno porte cometidos em ambiente doméstico, entre eles a violência contra a mulher. Para a União de Mulheres de São Paulo, o juizado é uma "vitória".

Colaborou a Folha Online


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