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ADMINISTRAÇÃO
Quase 69 mil pediram regularização à prefeitura, que promete recorrer; para juiz, medida fere Lei de Zoneamento
Anistia a imóveis irregulares é suspensa
PEDRO DIAS LEITE
DA REPORTAGEM LOCAL
A anistia a imóveis irregulares
em São Paulo, aprovada em março na Câmara Municipal para
normalizar a situação de cerca de
800 mil construções que desrespeitam a lei na cidade, foi suspensa ontem por uma liminar.
Além da suspensão da anistia, a
Justiça determinou que a administração retome a fiscalização
das construções irregulares. Se a
ordem for descumprida, a Prefeitura de São Paulo terá de pagar
uma multa de R$ 100 mil por dia.
A Justiça concedeu a liminar a
pedido do promotor Mário Augusto Vicente Malaquias, que argumentou que a anistia fere a Lei
de Zoneamento e o Plano Diretor,
além de ter sido aprovada de maneira irregular pela Câmara. Movimentos de moradores comemoraram a decisão judicial.
Na ação, o promotor Malaquias
pede também que, depois do julgamento final, a prefeitura devolva o dinheiro de quem pagou a taxa pela regularização.
A Secretaria de Negócios Jurídicos informou que a administração ainda não foi notificada, mas
deve recorrer da decisão.
Até anteontem, quando terminava o prazo para inscrição, quase 69 mil paulistanos tinham entrado com o pedido de regularização. Entre os beneficiados pela
anistia estavam casas, prédios residenciais e comerciais, pequenos
comércios, lojas de serviços, universidades e templos religiosos.
Motivo
De acordo com Malaquias, a
anistia na prática altera o zoneamento da cidade, porque permite
a regularização de construções
que são proibidas em determinadas regiões. Como exemplo, o
promotor cita um prédio de três
andares erguido em uma área em
que o limite máximo são dois andares, que pode ser regularizado.
A aprovação irregular na Câmara, segundo Malaquias, ocorreu
porque o projeto foi aprovado em
primeira votação de maneira simbólica. Como no seu entender ele
altera o zoneamento, a lei exige
votação nominal, com aprovação
de 33 dos 55 vereadores.
Em 2002, quando ocorreu essa
votação, um parecer da Comissão
de Constituição e Justiça da Câmara Municipal entendeu que o
projeto não altera o zoneamento,
mas o Código de Obras. Assim, o
procedimento teria sido correto.
Para o líder do governo na Câmara, João Antonio (PT), a anistia
não altera o zoneamento, mas
apenas as edificações.
O promotor pediu também a
lista de quem solicitou a anistia,
mas disse que "a idéia não é punir
quem entrou com o pedido, é só
para saber o número".
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