São Paulo, sexta-feira, 26 de novembro de 2004

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FORA DA ORDEM

Índice é recorde no Estado de São Paulo, que teve 19.660 candidatos; presidente da entidade se diz "chocado"

Exame da OAB reprova 92% dos inscritos

FERNANDA FERNANDES
DA REPORTAGEM LOCAL

O último exame de ingresso na advocacia promovido pela OAB (Ordem dos Advogados do Brasil) de São Paulo registrou o mais alto índice de reprovação de sua história. Dos 19.660 bacharéis inscritos, 92% foram reprovados e não vão poder exercer a profissão.
A média de reprovação era mantida em torno de 80%. O exame anterior no Estado, promovido no primeiro semestre deste ano, havia aprovado apenas 13,21% dos inscritos -índice que, até então, era o recorde.
O exame habilita os bacharéis em direito a exercer a advocacia.
O presidente da OAB de São Paulo, Luiz Flávio Borges D'Urso, disse estar "chocado e absolutamente surpreso" com o resultado, divulgado ontem.
Para ele, o número de reprovados é "assustador". D'Urso disse acreditar que grande parte dos inscritos tenha feito uma preparação insuficiente, mas declarou não considerar que o alto índice se deva somente à falta de dedicação do candidato aos estudos.
"O quadro piorou muito. Parte desses bacharéis não está preparada. Parte deles, por nervosismo, não conseguiu passar. Mas não consigo acreditar que todo esse percentual seja falta de preparo. A prova não ficou mais difícil."
Uma das razões que vêm sendo apontadas pela OAB para a baixa aprovação é a disseminação de cursos de direito em instituições sem estrutura pelo país.
Segundo o MEC (Ministério da Educação), até 2 de janeiro de 2005 ficará suspenso o encaminhamento de novos pedidos de cursos superiores no país, entre eles o de direito.
A partir dessa data, os critérios para a concessão de autorização para a abertura de cursos, de acordo com o ministério, ficarão ainda mais rígidos.
Existem hoje 760 cursos de graduação em direito no país, dos quais 177 localizados em instituições do Estado de São Paulo.

Exame transferido
A primeira fase do próximo exame de admissão à OAB paulista, tradicionalmente realizada em dezembro, foi transferida para o mês de janeiro de 2005.
Foram os estudantes de direito da USP (Universidade de São Paulo) que pediram o adiamento, pois, por causa da greve de professores ocorrida neste ano, a faculdade não teria tempo hábil para emitir todos os certificados de conclusão de curso.
No início do mês, a OAB paulista anunciou que treineiros -estudantes que ainda não concluíram o curso- poderão participar da primeira fase do exame, para irem se acostumando à prova.


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