São Paulo, terça-feira, 26 de dezembro de 2000

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ESTUDO

Implantação correta de fiscalização eletrônica diminui em 30% o número de acidentes e em 60% o de vítimas fatais

Para BID, radar reduz mortes no trânsito

ELVIRA LOBATO
DA SUCURSAL DO RIO

Estudo do BID (Banco Interamericano de Desenvolvimento) afirma que a implantação dos radares eletrônicos reduziu em pelo menos 1.500 o número de mortes no trânsito, por ano, no Brasil.
Segundo o levantamento, quando os equipamentos são colocados corretamente (nos locais em que existe maior perigo), há uma diminuição de 30% dos acidentes e de 60% do número de mortes.
O estudo compara os programas de fiscalização do trânsito adotados em cinco países: Brasil, Argentina, Paraguai, Chile e Uruguai.
O Brasil é apontado como o exemplo mais bem sucedido de fiscalização eletrônica em áreas urbanas, enquanto o Chile é citado como o único com sistema de inspeção veicular uniforme e de boa qualidade.
Foram comparadas as estatísticas de acidentes de trânsito, antes e depois da colocação dos radares, de 24 cidades brasileiras, além de trechos de rodovias estaduais e federais.

São Paulo
O estudo afirma que a instalação de 40 radares fixos e 31 barreiras eletrônicas na cidade de São Paulo, em 1997, evitou 687 mortes e 11.301 feridos no ano seguinte, o que teria resultado em uma economia de US$ 150 milhões de despesas hospitalares.
O trabalho detém-se nas três principais vias de circulação da capital paulista: as marginais Tietê e Pinheiros e a avenida 23 de Maio.
Diz que o índice de desrespeito ao limite de velocidade na Marginal Tietê (por onde trafegam motoristas de todo o país) caiu de 50,12% para 1,1%.
O levantamento nos cinco países foi feito pelo consultor Alan Cannel. De origem inglesa, ele vive no Brasil há 30 anos e dirigiu o departamento de trânsito de Curitiba (PR) por dez anos.
O Brasil, segundo o autor do estudo, responde por um terço do total de cem mil mortes/ano por acidentes de trânsito na América Latina e no Caribe.
A aprovação do novo Código Nacional de Trânsito disseminou o uso dos radares eletrônicos no país.
Para o BID, o Brasil criou -embora sem uma coordenação formal- o maior programa urbano de fiscalização eletrônica do mundo.
As cidades que já adotaram tal sistema somam 42 milhões de habitantes e dois terços da frota nacional de veículos.

Medo de assalto
O estudo do BID avalia que os sistemas para controle de avanço de sinal têm se mostrado os menos eficientes, pois, dependendo do horário e do local, os motoristas não param diante do sinal vermelho com medo de violência.
"Várias cidades precisam de uma nova tecnologia "abrasileirada", que leve em conta o risco de assaltos durante a noite e a madrugada", afirma o documento.
Segundo o BID, a população aceita a colocação dos equipamentos se o local escolhido tiver um histórico de vítimas; se houver uma faixa de tolerância de velocidade razoável e for feito um período de testes, sem cobrança de multa.
Se essas premissas não são atendidas, os radares passam a ser vistos como fábricas de multas e simples geradores de receita.


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