São Paulo, terça-feira, 26 de dezembro de 2000

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EDUCAÇÃO

Estudo do Inep analisa relação entre conceitos

São Paulo tem rendimento pior do que 15 Estados no provão de 2000

ANTÔNIO GOIS
DA REPORTAGEM LOCAL

Apesar de ter alguns dos melhores cursos superiores do Brasil, o Estado de São Paulo teve, em média, um rendimento pior do que unidades da Federação como o Distrito Federal, Bahia, Rio Grande do Sul, Sergipe, Rio Grande do Norte e Ceará no provão de 2000.
Essa constatação é feita a partir de levantamento que o Inep (Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais do MEC) fez com base na porcentagem de cursos avaliados com conceitos A e B, os melhores, e D e E, os piores.
O estudo mostra também que alguns Estados do Norte e Nordeste superam, em média, os do Sul e Sudeste na porcentagem de conceitos A e B no exame do MEC.
Os técnicos do Inep classificaram os Estados com base na diferença entre a porcentagem de cursos avaliados com os melhores e os piores conceitos.
Segundo esse critério, o Distrito Federal teve 57,5% de seus cursos avaliados com A ou B e apenas 20% com D ou E. A diferença entre essas porcentagens é de 37,5 pontos, o que coloca a unidade da federação como a melhor, seguida da Bahia, que teve uma diferença entre os melhores e piores conceitos de 31,3 pontos.
De acordo com o levantamento, o pior desempenho foi o de Roraima, que não teve nenhum curso com conceito A ou B.
O levantamento revelou algumas surpresas: ao analisar apenas a rede particular, o rendimento dos cursos superiores do Ceará é, proporcionalmente, o melhor do país, a frente do Rio Grande do Sul, Bahia, Distrito Federal, Rio de Janeiro, Paraná e São Paulo.
Na avaliação de Tancredo Maia Filho, diretor de avaliação do Inep, órgão do MEC responsável pelo provão, São Paulo aparece nesse levantamento atrás de Estados do Nordeste e Norte porque, apesar de ter alguns dos melhores cursos do Brasil, tem também um grande número de instituições com qualidade muito baixa.
"São Paulo tem de tudo. Há uma diversidade muito grande no Estado, que tem desde cursos com o melhor nível de excelência do Brasil até alguns com qualidade bem abaixo da média nacional", diz Maia Filho.
Alguns Estados do Nordeste, como Bahia, Sergipe e Ceará aparecem nesse levantamento entre os melhores do Brasil. "Há uma forte indicação no provão de que o Sul e o Sudeste têm bons cursos, mas isso não quer dizer que essas regiões tenham o melhor desempenho do país. Esse levantamento desmonta um pouco a tese de que, na média, o ensino do Norte e Nordeste é pior do que o do Sul e Sudeste", afirma o diretor de avaliação do Inep.
Ele analisa o bom desempenho do Distrito Federal nesse exame como fruto da mobilização de alunos e de instituições particulares para melhorar as notas obtidas nos primeiros exames.
Além disso, a maioria dos cursos do Distrito Federal são públicos. Em média, os resultados do provão mostram que alunos das universidades federais e estaduais têm notas melhores do que os de instituições particulares.
A proporção maior de cursos públicos também é o que explica, em parte, o bom desempenho de Estados como Bahia e Sergipe.
Um dos poucos Estados onde a rede particular teve melhor desempenho do que a pública foi o Ceará. Lá, 60% dos cursos privados avaliados tiveram conceito A ou B. Entre os cursos públicos do Estado, 40% obtiveram conceito A ou B.


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