DA REVISTA DA FOLHA

Uma hora antes de cear com três filhas, o funcionário público José Roberto Cruz, 48, recebe uma ligação da mulher, Tânia, 38. "Está pegando fogo aqui. O cheiro de queimado é muito forte", disse, desesperada. Ela fazia companhia à outra filha do casal, Bruna, 17, internada desde 24 de novembro no Instituto Central do HC.
Cruz tinha acabado de chegar em casa quando seu celular tocou. Quinze minutos antes de o incêndio começar no edifício ao lado, o Prédio dos Ambulatórios do HC, o funcionário público havia deixado mulher e filha e desejado feliz Natal. Atropelada por um trem, a garota ficou 15 dias na UTI e está inconsciente num quarto particular no nono andar do IC.
Cruz não teve tempo de celebrar o Natal ao lado das outras filhas. Voltou imediatamente para o hospital. Às 23h20, ele chegou ao HC. Segundo Cruz, a entrada do edifício estava tomada por pacientes deitados no chão e funcionários aflitos.
Cruz diz que encontrou a filha e a mulher num canto. A jovem estava com tubo de oxigênio. Sua mulher lhe contou que tiveram que descer Bruna pelas escadas porque os elevadores não funcionavam. Ele diz que olhou para o relógio e passava da 1h quando a filha foi levada de volta ao quarto.
Ontem à tarde, ele voltou ao IC para visitá-la. "É incrível. A gente acha que uma coisa dessa não pode acontecer num hospital como o HC." (RO)

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