São Paulo, terça-feira, 27 de fevereiro de 2001

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Veterana desfila como convidada

DA SUCURSAL DO RIO

Em 1967, a porta-bandeira Alice dos Santos, 66, estreava pelo Império Serrano, com uma nota dez. Nos 13 anos seguintes, quando ocupou o posto principal da escola de Madureira, "nunca foi diferente disso", afirmou, orgulhosa, enquanto se aprontava para o desfile de ontem.
Depois de um período de nove anos em São Paulo -onde desfilou pela Camisa Verde e Branco, pela Unidos do Peruche e pela Barroca da Zona Sul-, ela voltou a participar de um Carnaval, em 1994, pela Império Serrano.
Questionada se o rótulo de "túmulo do samba", atribuído a São Paulo, espelha a verdade, Alice respondeu que no Carnaval paulista "dá para brincar".
Ontem, ela voltou a desfilar pela escola carioca, dessa vez como porta-bandeira veterana, ao lado do mestre-sala Benício, 60, da Portela.
Sua performance não será mais julgada pelos jurados, que ontem voltaram os olhares para a primeira porta-bandeira da escola de samba Denadir, 24.
Mas Alice não estava preocupada. "Ainda estou com pique. Dos veteranos, só quem voltou fui eu. Os outros se encostaram", disse, elogiando a iniciativa da sua escola de coração.
"Foi o Império Serrano que criou isso (convidar veteranos). Agora as outras vão prestar atenção. Bem entendido, se elas (as outras veteranas) tiverem condições", disse, com ironia.
Alice contou que já teve de desfilar com o rosto enfaixado, após ter sofrido um acidente de carro às vésperas do Carnaval, no dia em que foi pegar a fantasia.
"Não tinha ninguém para vir, então eu tive que desfilar assim mesmo. Estava com febre de 39 graus, mas tirei dez", afirmou a autodenominada "porta-bandeira mais antiga do Império". Da história, cuja data não soube precisar, resta uma cicatriz no lado direito de seu rosto.
Ela diz ter sido "a primeira porta-bandeira internacional da Império Serrano". Conheceu a França, a Argentina e a Venezuela sambando.
"Sou da época em que a quadra era só uma cerquinha. Agora é luxo", afirmou, ao lado do marido, José Francisco de Andrade, o Tuca, que a ajudava a se preparar.




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