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Veterana desfila como convidada
DA SUCURSAL DO RIO
Em 1967, a porta-bandeira Alice
dos Santos, 66, estreava pelo Império Serrano, com uma nota dez.
Nos 13 anos seguintes, quando
ocupou o posto principal da escola de Madureira, "nunca foi diferente disso", afirmou, orgulhosa,
enquanto se aprontava para o
desfile de ontem.
Depois de um período de nove
anos em São Paulo -onde desfilou pela Camisa Verde e Branco,
pela Unidos do Peruche e pela
Barroca da Zona Sul-, ela voltou
a participar de um Carnaval, em
1994, pela Império Serrano.
Questionada se o rótulo de "túmulo do samba", atribuído a São
Paulo, espelha a verdade, Alice
respondeu que no Carnaval paulista "dá para brincar".
Ontem, ela voltou a desfilar pela
escola carioca, dessa vez como
porta-bandeira veterana, ao lado
do mestre-sala Benício, 60, da
Portela.
Sua performance não será mais
julgada pelos jurados, que ontem
voltaram os olhares para a primeira porta-bandeira da escola de
samba Denadir, 24.
Mas Alice não estava preocupada. "Ainda estou com pique. Dos
veteranos, só quem voltou fui eu.
Os outros se encostaram", disse,
elogiando a iniciativa da sua escola de coração.
"Foi o Império Serrano que
criou isso (convidar veteranos).
Agora as outras vão prestar atenção. Bem entendido, se elas (as
outras veteranas) tiverem condições", disse, com ironia.
Alice contou que já teve de desfilar com o rosto enfaixado, após
ter sofrido um acidente de carro
às vésperas do Carnaval, no dia
em que foi pegar a fantasia.
"Não tinha ninguém para vir,
então eu tive que desfilar assim
mesmo. Estava com febre de 39
graus, mas tirei dez", afirmou a
autodenominada "porta-bandeira mais antiga do Império". Da
história, cuja data não soube precisar, resta uma cicatriz no lado
direito de seu rosto.
Ela diz ter sido "a primeira porta-bandeira internacional da Império Serrano". Conheceu a França, a Argentina e a Venezuela
sambando.
"Sou da época em que a quadra
era só uma cerquinha. Agora é luxo", afirmou, ao lado do marido,
José Francisco de Andrade, o Tuca, que a ajudava a se preparar.
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