São Paulo, terça-feira, 27 de fevereiro de 2001

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PCC faz churrasco em penitenciária

DO "AGORA SÃO PAULO"

Integrantes da facção criminosa Primeiro Comando da Capital fizeram anteontem uma festa para comemorar a divulgação nacional do nome do partido.
O evento ocorreu das 10h às 16h na Penitenciária do Estado, quando teriam aproveitado para festejar a nomeação da nova liderança do presídio: 10 faxinas (chefes de pavilhões) e 20 boieiros (presos que distribuem a alimentação).
Na festa, segundo presos, havia cerveja, churrasco e roda de samba. A única justificativa para a entrada das latas de cerveja é a participação de funcionários, pois as visitas estavam suspensas e nenhum estoque do produto foi encontrado nas revistas da polícia.
Essa teria sido a segunda festa patrocinada pelo PCC. A primeira aconteceu no dia 27 de janeiro, data de aniversário do "presidente" da facção, Idemir Carlos Ambrósio, o Sombra, quando 80 quilos de carne foram colocados para dentro da Casa de Detenção, com auxílio de funcionários, segundo os próprios agentes.
Além do aniversário, o objetivo da festa seria comemorar o resgate de cinco integrantes da facção da Penitenciária de Araraquara.
Os faxinas foram indicados pela liderança do PCC e não pelos presos, conforme a tradição nas cadeias. Há um faxina e dois boieiros por andar, nos cinco andares de cada um dos dois pavilhões em funcionamento na Penitenciária do Estado. O terceiro foi interditado após a rebelião do dia 18.
A lista com os nomes dos faxinas, por exemplo, foi submetida à aprovação dos presos conhecidos como Andrezão e Pezão, membros do terceiro escalão da facção.
A função principal dos faxinas é reportar tudo o que acontece nos pavilhões ao comando do PCC. "Nós tomamos decisões pequenas. Se a coisa envolver muita gente, levamos ao comando para que eles decidam o que fazer", disse um faxina do pavilhão 2.
Durante a festa, os integrantes fizeram um balanço do movimento e se consideraram satisfeitos com a repercussão na imprensa. "Tomara que isso sirva para abrir os olhos dos governantes. Eles têm que nos enxergar como pessoas, com direitos e deveres. Eles precisam dar um jeito urgente na política carcerária do país." (RITA MAGALHÃES)



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