São Paulo, quarta-feira, 27 de fevereiro de 2002

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VIOLÊNCIA

Pistola usada no assassinato de Toninho do PT, em Campinas, teria sido a mesma utilizada em sequestro de garoto

Polícia liga Andinho a morte de prefeito

Moacyr Lopes Junior/Folha Imagem
Wanderson Newton de Paula Lima, o Andinho, durante apresentação ontem, pela polícia de São Paulo


RAQUEL LIMA
DA FOLHA CAMPINAS

CLAUDIO LIZA JUNIOR
FREE-LANCE PARA A FOLHA CAMPINAS

A polícia acredita que o sequestrador Wanderson Newton de Paula Lima, 23, o Andinho, teve participação no assassinato do prefeito de Campinas Antonio da Costa Santos (PT), em setembro.
A conclusão sobre a autoria da morte do prefeito depende apenas da prisão de uma única pessoa, segundo apurou a Folha. Na tarde de ontem, Andinho foi encaminhado para Campinas para confirmar locais de cativeiros de seus sequestrados.
O principal indício da ligação do sequestrador preso anteontem com a morte de Toninho é a arma usada no crime do prefeito. Segundo a polícia, exame de balística indicou que a pistola 9 mm utilizada no assassinato é a mesma usada, quatro dias depois, no sequestro de um garoto de nove anos na região de Campinas.
Segundo o delegado do DHPP (Departamento de Homicídios e Proteção à Pessoa) de São Paulo, Luís Fernando Lopes Teixeira, 32, que comanda as investigações sobre o assassinato do prefeito, Andinho confessou, em depoimento informal ontem, a autoria de três sequestros em Campinas, entre eles o desse garoto.
Andinho foi preso anteontem em uma chácara alugada em Itu (103 km de São Paulo). Entre as armas apreendidas no local estavam duas pistolas 9 mm, que seriam enviadas ontem ao Instituto de Criminalística de São Paulo.
Segundo a Folha apurou, o DHPP já descartou a hipótese de tentativa frustrada de sequestro, crime político ou premeditado e acredita que Toninho tenha sido vítima de um crime banal.
Entre as hipóteses levantadas pela polícia para a ligação entre Andinho e o caso Toninho, segundo a Folha apurou, está a de que o sequestrador estaria em um Vectra prata que ultrapassou o Palio conduzido pelo prefeito na noite do assassinato, com outros dois integrantes da quadrilha.
Segundo investigações da Polícia Civil de Campinas, os integrantes do Vectra estariam em fuga após uma tentativa de assalto a um outro Vectra, verde, 15 minutos antes de o prefeito ser morto.
A tese da polícia é que Toninho poderia ter atrapalhado a fuga e, por isso, foi assassinado. De acordo com policiais, a quadrilha do sequestrador tem o hábito de roubar carros dos modelos Vectra e Audi para utilizar em sequestros.
Segundo a Folha apurou, o DHPP apura o envolvimento de integrantes do grupo com a morte do prefeito de Campinas há pelo menos um mês e já ouviu um presidiário ligado a Andinho, Edmar Basilatto, 35. Nesta semana, outro preso será interrogado. Também deverá ser ouvido motorista de ônibus que teria visto a tentativa de assalto ao Vectra verde.
O Vectra prata suspeito de envolvimento no crime do prefeito foi apreendido pela polícia. O veículo havia sido abandonado na rodovia SP-340, que liga Campinas ao sul de Minas, na mesma noite da morte de Toninho.
O DHPP informou ter confirmado que o carro é o mesmo que tentou o assalto ao Vectra verde a partir de um laudo que comparou as tintas dos dois veículos. O laudo indicou que os carros colidiram naquele dia.
O depoimento oficial de Andinho também será tomado pelo DHPP nesta semana, com a presença de promotores de Campinas e do advogado da família do prefeito morto e da prefeitura, Ralph Tórtima Stettinger.
O advogado e os promotores estiveram ontem na sede do DHPP, em São Paulo. Conversaram rapidamente com o delegado Teixeira e saíram sem comentar a prisão e o depoimento de Andinho.



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