São Paulo, quarta-feira, 27 de fevereiro de 2002

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SEGURANÇA

Gabinete ficaria dois meses sem policiamento militar; Rui Falcão classificou a proposta como "irresponsável"

Estado quer seguranças de Marta nas ruas

IURI DANTAS
DA REPORTAGEM LOCAL

O governo do Estado voltou a demonstrar ontem que a prefeitura não terá aumento no efetivo de segurança sem que perca algo em contrapartida. O secretário Saulo de Castro Abreu Filho (Segurança Pública) propôs que os policiais militares que hoje fazem a guarda do gabinete da prefeita Marta Suplicy (PT) assumam a escolta dos fiscais da SPTrans no combate às peruas ilegais por 60 dias.
É a segunda vez que o Estado vincula o pedido de mais segurança do município com a privação de outra área. No dia 29 de março do ano passado, após bate-boca com Marta, o governador Geraldo Alckmin (PSDB) sujeitou um maior policiamento da região central com o fim do CPTran (Comando de Policiamento de Trânsito), que será extinto sexta-feira.
O pedido, da Secretaria Municipal dos Transportes, foi feito por causa da morte de três fiscais da SPTrans (empresa que gerencia o sistema de transportes na capital) no sábado. "Minha proposta é desguarnecer um pouco o gabinete da prefeitura. Supre com quê? Supre com os guardas municipais", disse Abreu Filho.
A sugestão do secretário previa uma resposta da prefeitura até o final da tarde de ontem. Marta preferiu não falar pessoalmente sobre o assunto para evitar conflitos com o governo, segundo a Folha apurou. A prefeita não quer "emperrar" parcerias com a esfera estadual, especialmente na área da prevenção a enchentes.
O secretário municipal de governo, Ruy Falcão, indicado por Marta para falar sobre o assunto, se disse "surpreso" com a "proposta" de Abreu Filho. "A declaração do secretário dá a entender que ele não pretende colaborar nessa questão específica do combate à ilegalidade dos perueiros."

Guarda Civil
Para o secretário responsável pela segurança, a função de acompanhar os fiscais da SPTrans pode ser compartilhada com a GCM (Guarda Civil Metropolitana). "Para que ter uma guarda municipal se, para combater perueiro clandestino, não serve?". Constitucionalmente, a GCM não pode exercer policiamento ostensivo.
A operação de recolhimento de 2.500 peruas clandestinas seria feita em 60 dias, de acordo com Abreu Filho. Durante esses dois meses, os 68 policiais militares alocados na SPTrans e os 65 homens da assessoria militar da prefeitura atuariam em conjunto.
Eventualmente, disse o secretário, grupamentos especiais como a Rota (Ronda Ostensiva Tobias Aguiar) e o batalhão de choque poderiam ser liberados para ações "especiais" contra os perueiros.



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