São Paulo, quarta-feira, 27 de fevereiro de 2002

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SKINHEADS

Acusados voltam a plenário em 26 de março

Juiz suspende o julgamento, após 13 horas, por "ineficiência da defesa"

ANDRÉ NICOLETTI
DA REPORTAGEM LOCAL

O julgamento de dois skinheads acusados de espancar até a morte o adestrador de cães Edson Neris da Silva, em fevereiro de 2000, foi suspenso na madrugada de ontem devido à "ineficiência da defesa da ré" Regina Saran, 23, segundo determinou o juiz Luís Fernando Camargo Vidal.
Os trabalhos já duravam mais de 13 horas quando a decisão foi tomada, por volta das 4h30.
O advogado de Regina, Aloísio Sebastião de Lima, não teria feito nenhuma defesa de uma das acusações, a tentativa de homicídio de Dario Pereira Netto.
Na noite do crime, Netto andava de mãos dadas com Neris na praça da República quando encontraram um grupo de 18 skinheads. Regina e o outro réu, Roberto Fernando Gros Dias, 21, respondem também por homicídio triplamente qualificado e formação de quadrilha.
Dias também não recebeu sentença, pois "haveria prejuízo diante da dissolução do conselho de sentença [jurados"".
Eles devem ir a plenário no dia 26 de março, com Davi Alves dos Santos e Wanderlei Cardoso de Sá, outros envolvidos no caso.
"Se não falei nada sobre a tentativa de homicídio foi porque iria deixar para a tréplica. Era uma estratégia. A decisão menospreza a classe dos advogados e os jurados presentes", disse Lima.
Segundo a OAB (Ordem dos Advogados do Brasil), ele já participou de mais de 40 júris e já foi conselheiro suplente da Ordem de 1988 a dezembro de 2000. "Vamos ouvir as duas partes e descobrir o que de fato aconteceu", afirmou Carlos Miguel Aidar, presidente da seção São Paulo da OAB.
O promotor Marcelo Milani, responsável pelo caso, elogiou a decisão do juiz. "Não houve defesa, todo mundo viu."
A medida agradou até mesmo às ONGs de defesa das minorias que assistiam ao julgamento. "Achamos esdrúxula a defesa da ré. Isso [a suspensão do julgamento" mostra a retidão adotada no caso", disse Beto de Jesus, presidente da Associação da Parada do Orgulho GLBT (gays, lésbicas, bissexuais e transgêneros).
Lima pediu que a OAB designe um advogado para defender Regina no dia 26. Segundo Aidar, conforme o resultado das investigações, o advogado pode até perder sua carteira da Ordem.



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