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ADMINISTRAÇÃO
Juiz dá prazo de 20 dias para cumprimento da sentença que deve favorecer agora 350 crianças da zona oeste
Prefeitura terá de criar vagas em creche
GABRIELA ATHIAS
DA REPORTAGEM LOCAL
Depois de uma batalha judicial
que começou em 1999, a Prefeitura de São Paulo será obrigada a arrumar lugar em creche e pré-escola do município para, pelo menos, 350 crianças "sem vaga" dos
bairros de Pinheiros, Butantã e
Morumbi (zona oeste). Após ser
notificada, a administração municipal terá até 20 dias para cumprir a determinação judicial.
O juiz da Vara da Infância e da
Juventude de Pinheiros, Rodrigo
Lobato Junqueira Enout, determinou ainda que, se as crianças
não forem atendidas, a prefeitura
terá de pagar mensalidade em escola privada.
De acordo com o promotor da
Infância e da Juventude Motauri
Ciocchetti de Souza, essa é apenas
a primeira e uma série de ações judiciais para garantir o mesmo direito a todas as crianças da cidade.
Ciocchetti de Souza estima que
na capital existam entre 80 e 100
mil "sem-vaga" nesses dois níveis
de ensino.
Para acelerar a tramitação judicial das ações que serão movidas
nas outras regiões, o promotor
pretende fazer ações individuais
por meio de mandados de segurança. Ou seja: haverá um processo para cada "sem-vaga".
O promotor vai usar a rede de
atendimento dos conselhos tutelares para cadastrar as crianças
cujas famílias tiverem interesse na
matrícula. Os responsáveis pelos
menores deverão se dirigir ao
conselho da sua região, munidos
de documentos, para fazer o cadastro dos filhos. Os conselhos
são organismos com representação da sociedade civil para supervisionar a aplicação do Estatuto
da Criança e do Adolescente.
O mandado, nesse caso, pode
fazer com que a prefeitura seja
obrigada a criar vagas, de uma hora para outra, em diversas regiões.
Isso porque a tramitação desse
tipo de ação é mais rápida: se o
juiz determinar que a criança tem
direito a vaga concede uma liminar. E esse tipo de decisão deve ser
cumprida quase imediatamente.
Para ter uma idéia do tamanho
do problema, até o fim de janeiro
havia 5.556 crianças cadastradas,
aguardando vaga de creche na
Capela do Socorro, periferia da
zona sul. A fila da pré-escola era
ainda maior: 10.300. O dado é do
NAE 6 (Núcleo de Ação Educativa), que é a antiga delegacia municipal de ensino.
Ciocchetti de Souza diz que a
demanda da zona sul representa
entre 35% e 40% da necessidade
de atendimento da capital. "Essa é
a área mais complicada da cidade", afirmou o representante do
Ministério Público. Além da grande população, essa é uma região
de mananciais onde as obras são
limitadas, em razão da legislação
de preservação ambiental.
A promotoria já havia movido
ações semelhantes à da zona oeste
em Santo Amaro, Penha e Santana. A diferença é que esse é o primeiro processo em que o recurso
impetrado pela prefeitura não
conseguiu suspender o efeito
imediato da sentença.
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