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MORTES EM SÉRIE
Intoxicação atingiu 37 porcos-espinhos, bichos que iriam a leilão; polícia vê atentado contra o parque
Zôo confirma envenenamento de 56 animais
FABIANE LEITE
DA REPORTAGEM LOCAL
Exames toxicológicos confirmaram que 56 animais do Zoológico
de São Paulo foram mortos por
envenenamento desde 24 de janeiro deste ano.
Entre os mortos estão 37 porcos-espinhos africanos, integrantes de um lote de 50, bichos que
deveriam ser levados a um leilão
de espécies exóticas em março ou
abril, junto com antílopes africanos e cisnes.
A morte de animais considerados estratégicos e prestes a serem
leiloados é, para o zoológico, um
indício de envolvimento de alguém que tem informações sobre
a instituição e que pretende causar prejuízos a ela.
"Somos a única instituição na
América Latina que reproduz esse
porco-espinho. É uma espécie de
interesse muito grande para o
zôo", afirmou José Luiz Catão
Dias, diretor técnico-científico.
Outro fator praticamente restringe as suspeitas a pessoas de
dentro da fundação: dos 56 animais mortos, 43 estavam em área
restrita à visitação do público.
Tanto a polícia quanto a fundação já descartam a hipótese de envenenamento acidental.
"Foi um atentado contra o parque", afirmou o delegado Clóvis
Ferreira de Araújo, chefe da unidade de inteligência do Decap
(Departamento de Polícia Judiciária da Capital).
A polícia centra as investigações
em cinco funcionários que tinham acesso aos animais e "noções" sobre produtos químicos.
Os animais morreram envenenados com um potente raticida, o
mono fluoracetato de sódio, conhecido como "Mão Branca". Sua
fabricação e venda estão proibidas no Brasil.
No caso dos porcos-espinhos, o
zoológico informou que considerou intoxicados todos os 37 animais a partir da avaliação de parte
deles. Dois morreram ontem, outros seis estavam debilitados e não
devem resistir. Depois de envenenados pela substância, animais
podem sobreviver por até 12 dias.
O diretor técnico-científico do
zôo não apresentou uma estimativa de quanto poderiam valer os
animais. Segundo ele, a instituição esperava ter uma idéia melhor
do valor de mercado no próprio
leilão. A venda estava programada desde 2002, mas foi suspensa
por uma decisão judicial depois
de ser questionada pela Promotoria de Justiça do Meio Ambiente.
O Ministério Público considerou que a comercialização poderia prejudicar os bichos e o meio
ambiente.
No final do ano passado, a fundação fez um acordo com a Promotoria, e o leilão foi liberado.
Os exames toxicológicos foram
feitos Centro de Toxicologia da
Unesp (Universidade Estadual
Paulista) de Botucatu. Faltam ainda os resultados da avaliação de
cinco animais.
Cem mortes foram investigadas
desde o dia 24. Até sábado passado, o zôo havia informado 35
mortes de bichos, mas em apenas
oito havia confirmação de envenenamento por mono fluoracetato. Segundo o zoológico, parte das
mortes não foi divulgada para não
atrapalhar as investigações.
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