São Paulo, sexta-feira, 27 de fevereiro de 2004

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SEGURANÇA

Policial é investigado por sumiço de 340 kg de cocaína, ocorrido em 1999; na época, traficante foi liberada

Furto de droga derruba delegado após 5 anos

CAROLINA FARIAS
FERNANDA BASSETTE
FREE-LANCE PARA A FOLHA CAMPINAS

Após cinco anos, o delegado Ricardo de Lima, 51, um dos apontados como responsáveis pelo sumiço de 340 kg de cocaína do prédio do IML (Instituto Médico Legal) de Campinas (95 km de São Paulo), em 31 de janeiro de 1999, foi exonerado ontem da Polícia Civil do Estado pelo governador Geraldo Alckmin (PSDB).
O furto da cocaína, avaliada em R$ 400 mil, ocorreu no dia 26 de janeiro, seis dias após a apreensão da droga em uma chácara em Indaiatuba (a 102 km de SP).
O IML funciona em um prédio do complexo da cúpula da Polícia de Campinas, onde ficava o Departamento de Polícia Judiciária do Interior, a Delegacia Seccional e os departamentos de Investigações Gerais, de Roubo a Carros Patrimônio e de Homicídios.

Parecer jurídico
A decisão, segundo a Secretaria do Estado de Segurança Pública, foi amparada em um parecer da assessoria jurídica do Palácio dos Bandeirantes. Segundo a secretaria, dois pontos foram destacados pela assessoria jurídica do governador: o fato de Lima ser, na ocasião, o delegado titular da Dise (Delegacia de Investigações sobre Entorpecentes) e o responsável pela apreensão; e a dispensa de Sônia Aparecida Rossi, a Maria do Pó, uma das principais traficantes de São Paulo, que foi detida com a droga na época e liberada pelo delegado sem explicações.
Lima já havia sido detido por pelo menos 30 dias, em novembro de 99, a pedido de membros da CPI do Narcotráfico. Ele era acusado de formação de quadrilha, corrupção e envolvimento com o narcotráfico.
Após sua prisão, Lima continuou na polícia, mas foi transferido para o 12º Distrito Policial de Campinas.
Lima responde, desde 1999, a um inquérito que já tem 27 volumes, no Ministério Público Estadual. Segundo o Gaerco (Grupo de Atuação Especial Regional de Combate ao Crime Organizado), da Promotoria de Campinas, o processo ainda não foi concluído.

Outro lado
O advogado de Lima, Alfredo Zarins Filho, 60, afirmou ontem que vai recorrer tanto na esfera administrativa quanto na judiciária. "Meu cliente é inocente e já provou como delegado que atuou corretamente", afirmou.
Para ele, o governador não teria sido informado sobre a totalidade das apurações que tramitam na Corregedoria da Polícia Civil, que inocentou o delegado.


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