São Paulo, domingo, 27 de fevereiro de 2005

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Na família, médico opta por aborto

DA REPORTAGEM LOCAL

O estudo da Febrasgo também mostra que os ginecologistas (homens e mulheres) são mais complacentes com o aborto provocado quando eles próprios protagonizam uma gravidez indesejada do que quando a situação é vivida por suas pacientes ou conhecidos.
Em média, 60% dos profissionais ouvidos na pesquisa relataram que não ajudariam uma paciente (encaminhando a outro médico ou indicando medicamento abortivo) que solicitasse o aborto. Por outro lado, 79,9% dos médicos relataram que, diante de uma gravidez indesejada, suas mulheres abortaram.
Entre as ginecologistas, a situação é semelhante: 77,6% das que viveram gravidez indesejada optaram pelo aborto. "Quando é com os outros, a tendência é de condenação [do aborto]. Mas a opinião muda muito quando o problema é vivido na própria pele", diz Aníbal Faúndes, co-autor do livro "O Drama do Aborto" (editora Komedi).
Para o médico, os resultados mostram que a maioria dos ginecologistas e obstetras considera o aborto indesejado, mas há circunstâncias em que o aceita como um "mal menor".
Faúndes, que coordena o Comitê de Direitos Sexuais e Reprodutivos da Federação Internacional de Ginecologia e Obstetrícia, explica que a visualização do embrião, por meio do ultra-som, afetou seriamente a capacidade do médico de aceitar o aborto. "Quando a gravidez era apenas um atraso na menstruação, a atenção dada ao conteúdo extraído do útero era mínimo."
A pesquisa da federação, publicada no ano passado, avaliou a opinião de 4.294 ginecologistas, de um universo de 14.320 associados à Febrasgo. Foram enviados questionários, mas só 30% responderam às questões. A entidade realiza outro estudo para saber se o nível de informação dos médicos melhorou no último ano.


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