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Na família, médico opta por aborto
DA REPORTAGEM LOCAL
O estudo da Febrasgo também
mostra que os ginecologistas (homens e mulheres) são mais complacentes com o aborto provocado quando eles próprios protagonizam uma gravidez indesejada
do que quando a situação é vivida
por suas pacientes ou conhecidos.
Em média, 60% dos profissionais ouvidos na pesquisa relataram que não ajudariam uma paciente (encaminhando a outro
médico ou indicando medicamento abortivo) que solicitasse o
aborto. Por outro lado, 79,9% dos
médicos relataram que, diante de
uma gravidez indesejada, suas
mulheres abortaram.
Entre as ginecologistas, a situação é semelhante: 77,6% das que
viveram gravidez indesejada optaram pelo aborto. "Quando é
com os outros, a tendência é de
condenação [do aborto]. Mas a
opinião muda muito quando o
problema é vivido na própria pele", diz Aníbal Faúndes, co-autor
do livro "O Drama do Aborto"
(editora Komedi).
Para o médico, os resultados
mostram que a maioria dos ginecologistas e obstetras considera o
aborto indesejado, mas há circunstâncias em que o aceita como
um "mal menor".
Faúndes, que coordena o Comitê de Direitos Sexuais e Reprodutivos da Federação Internacional
de Ginecologia e Obstetrícia, explica que a visualização do embrião, por meio do ultra-som, afetou seriamente a capacidade do
médico de aceitar o aborto.
"Quando a gravidez era apenas
um atraso na menstruação, a
atenção dada ao conteúdo extraído do útero era mínimo."
A pesquisa da federação, publicada no ano passado, avaliou a
opinião de 4.294 ginecologistas,
de um universo de 14.320 associados à Febrasgo. Foram enviados
questionários, mas só 30% responderam às questões. A entidade realiza outro estudo para saber
se o nível de informação dos médicos melhorou no último ano.
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