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JUVENTUDE ENCARCERADA
Mesmo superlotada, instituição do RS investe em educação e trabalho
Febem gaúcha está há 13 meses sem rebelião
LÉO GERCHMANN
DA AGÊNCIA FOLHA, EM PORTO ALEGRE
A Fase (Fundação de Atendimento Sócio-Educativo) -nome
dado pelo governo gaúcho à antiga Febem desde maio de 2002-
está se tornando um contraponto
à crise do sistema no país, em especial em SP. A última rebelião na
Fase ocorreu no dia 29 de janeiro
de 2004, há 13 meses.
Na ocasião, uma briga entre internos da galeria B da unidade da
Vila Cruzeiro do Sul (Porto Alegre) se transformou em uma rebelião com reféns que durou mais
de dez horas e teve dez feridos.
Em São Paulo, o governo do Estado demitiu na semana passada
1.751 agentes de apoio técnico de
quatro complexos e os substituiu
por cerca de 2.400 agentes de segurança e educadores sociais.
As demissões fazem parte do
projeto de reformulação da Febem. Desde então uma série de
rebeliões ocorreram.
No Sul, as 16 unidades da Fase
(seis em Porto Alegre e dez no interior) possuem 1.030 adolescentes internos, sendo que o total de
vagas disponíveis é de 765, diz a
presidente da fundação, Jane Aline Kühn, que comanda também o
Fonacriad, órgão que representa
todos os gestores das Febens do
Brasil -mandato vai até junho.
"Há vários motivos que nos levam a essa marca [ausência de rebeliões]. Houve um reordenamento do sistema sócio-educativo", afirma Kühn.
De acordo com a presidente da
entidade, o primeiro passo para o
reordenamento foi dado em 28 de
maio de 2002 (durante a gestão do
então governador Olívio Dutra,
atual ministro das Cidades), com
a extinção da Febem, que atendia
tanto adolescentes infratores
quanto crianças em risco social.
Foram então criadas duas fundações: a FPE (Fundação de Proteção Especial) e a Fase. Com essa
divisão, a Fase passou a atender
exclusivamente adolescentes infratores entre 12 e 21 anos de idade. Os jovens cumprem medida
de internação de no mínimo seis
meses e de, no máximo, três. A
FPE ficou encarregada de atender
crianças carentes, órfãs.
Se o adolescente ingressar no
sistema com 17 anos, ele poderá
permanecer até os 20 anos, caso
tenha que cumprir a medida máxima de três anos.
"Visitamos algumas unidades
nos últimos tempos e constatamos que há superlotação em todas. E achamos que deveriam ser
contratados mais monitores e recreacionistas", disse o deputado
estadual Fabiano Pereira (PT),
presidente da Comissão de Cidadania e Direitos Humanos da Assembléia Legislativa. Estão previstas construções de três novas unidades.
Todas as unidades têm escolas
de ensino fundamental. Os cursos
de profissionalização que a Fase
oferece aos internos varia de acordo com a região onde os jovens
estão cumprindo medida. Em
Uruguaiana, por exemplo, são
realizados cursos de piscicultura,
horta, além de oficinas de marcenaria, cerâmica e informática. Em
Pelotas, há cursos de panificação e
culinária. Atualmente, 20 jovens
internos estagiam em empresas
públicas e privadas em Porto Alegre e no interior do Estado.
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